A diretoria do Vila Nova anunciou nesta terça-feira a manutenção dos valores dos ingressos para o duelo contra o Guarani-SP, no sábado, as 16h, no estádio Serra Dourada. A arquibancada custará R$40 e as cadeiras custarão R$60 – o torcedor com a camisa do clube pagará meia entrada, promoção que foi executada em todos os outros jogos do time nesta Série C de Brasileiro. A diferença é que serão trocados 10 mil bilhetes referentes a “Nota Show de Bola”. A troca e a venda começam nesta quinta-feira no estádio Onésio Brasileiro Alvarenga a partir das 9h. Desde então, críticas mais duras, mais veladas, há aqueles que até entendem a ação da diretoria. Certo ou errado – dependendo da perspectiva, dificilmente será alcançada a unânimidade.

O certo mesmo é não depender de renda para viver, mas esta não é a realidade do Vila Nova nesta temporada. O capitão Robston  pediu ingressos promocionais. A diretoria ficou tentada a reduzir os preços. No entanto, reduzí-los implicaria na queda dos valores pagos pela FGF. Este é um acordo entre clubes/FGF/governo – o valor do ingresso da Nota Fiscal (NF) será o menor valor a disposição do torcedor. Se a meia custa 5 reais, este será o valor pago ao clube e registrado no borderô. O que é combinado não é caro.

O Vila Nova só chegou até o mês de outubro com fôlego graças a esta ação organizada pela Federação Goiana de Futebol. Sem patrocinadores, sem receita de venda de camisas ou de uma loja, sem um marketing mínimo, o clube arrecadou líquido R$1.128.379,26 em cinco meses de competição. Pra se ter noção da importância destas cotas, elas representam 88% do público pagante colorado no campeonato nacional.

Concordo que os valores estão acima da realidade da Série C, onde vemos ingressos sendo vendidos, em média, a dez reais. O torcedor tem razão de reclamar. Público bancar time é um pensamento do século passado. Público é consumidor, não patrocinador. A responsabilidade é de quem assumiu o clube e não soube ou não deu tempo de pensar em algo na linha de marketing e valorização da marca.

Mas o torcedor pode usar a criatividade (coisa que falta no futebol goiano) e fazer a diferença. Ao invés de ser destaque por brigas e mortes, a Torcida Fúria Independente (TFI) do Paraná Clube investiu no time. Eles tinham em caixa 200 mil reais para organizar a festa de 20 anos de fundação e resolveram investir no clube do coração – a logomarca da torcida organizada esteve estampada como patrocinador máster em 4 jogos. O montante bancou parte dos salários atrasados, aumentou consideravelmente a venda de camisas na loja do clube nos meses de agosto e setembro (aumento de renda indireta) e mobilizou os torcedores para mais ações nesta direção.

Como dirigente, eu não correria o risco de reduzir o valor dos ingressos da NF. Esta é a única certeza que o clube tem hoje. Esta PODE ser a última fonte de renda do clube na temporada e o ano ainda tem 90 dias para acabar… Na emoção, colocaria o ingresso a 5 reais para que o torcedor pudesse comparecer não só em um jogo, mas em todos nesta Série C. Nos resta a saber, quem vai ceder?