O deputado estadual Samuel Belchior (PMDB) que teve o seu nome envolvido na Operação Miqueias, deflagrada pela Polícia Federal com o objetivo de desarticular duas quadrilhas que vendiam títulos podres para institutos públicos de previdência com conivência de agentes públicos, concedeu entrevista exclusiva à Rádio 730 na manhã desta quarta-feira (2), no Programa Clube da Notícia.
O parlamentar manteve a fala de que não apresentou a ‘pastinha’ Luciane Hoepers a nenhum prefeito ou presidente de instituto previdenciário. Também seguiu com a versão de que jamais intermediou qualquer negócio da quadrilha no Estado. “Todas as vezes que falei com a Luciane, a polícia gravou, basta puxar o que está lá no grampo,” afirmou.
Em um dos trechos gravados e presentes no inquérito da Polícia Federal, Samuel Belchior chama Luciane Hoepers de Lu e de chefa. O deputado explicou que a modelo se apresentou a ele apenas como Lu, por isso se referia a ela pela forma reduzida de seu nome. Em relação a ‘chefa’, o parlamentar disse que este é um hábito dele, que trata todos como chefe ou chefa.
Uma foto em que Samuel Belchior, o deputado estadual Daniel Vilela (PMDB), o deputado federal Leandro Vilela (PMDB-GO) e Luciane estão em uma mesa, presente no inquérito, vasou na imprensa estadual na última semana. De acordo com o presidente do PMDB goiano, eles tiveram um almoço após um encontro casual em Brasília, onde ele estava para falar com o presidente do partido, senador Valdir Raupp.
De acordo com o deputado, ele conheceu Luciane em Campo Grande (MS), onde esteve em março deste ano para tratar de negócio com uma imobiliária com quem tem parceria em loteamentos na cidade. O parlamentar afirmou que a conheceu durante um almoço organizado pelo proprietário da imobiliária.
Mais uma vez, Samuel disse que há nomes de outros políticos goianos citados no inquérito da Polícia Federal. De acordo com ele, alguns chegaram a conversar com Fayed Antoine Traboulsi, apontado como um dos líderes do esquema fraudulento.
CPI
O líder do governo na Assembleia, deputado Túlio Isac (PSDB), afirmou que já tem 20 assinaturas – número suficiente – para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a Operação Miqueias. De acordo com o tucano, o requerimento será apresentado nesta quarta-feira (2). Samuel que colaborará com a criação da CPI, mas outra vez cutucou o adversário. “Eu sou a favor da CPI. Eu assino junto com ele (Túlio Isac). Se tiver que investigar tem que investigar. Eu só acho que ele está dando um tiro no pé. Eu já vi o inquérito e tem muita coisa lá dentro,” revelou.
Em sintonia com o colega de legenda, deputado Bruno Peixoto, Samuel disse que a Assembleia tem que focar as investigações nos fundos previdenciários Goiás Prev, Saneago Prev e Eletra, e não fundos municipais, como segure os parlamentares da situação. De acordo com ele, a Casa não tem poder para este tipo de investigação.
Política
Nas entrelinhas Samuel sugere que está havendo conotação política na divulgação de seu nome como envolvido no esquema investigado pela Operação Miqueias. Segundo ele, o Estado passa por um processo que caminha para uma renovação política. Diante disto, os nomes dele e do deputado estadual Daniel Vilela (PMDB) representam o futuro político da legenda do Estado, por isso estariam sendo atacado. Ao mesmo tempo, o parlamentar diz que os ataques fazem parte do jogo político.
Em relação a sua situação à frente do PMDB em Goiás, o deputado garante que nada mudará. Ele apontou que teve encontros com Iris Rezende e Maguito Vilela, além de ter falado por telefone com Júnior Friboi, e que todos deram apoio para ele seguir comandando a sigla no Estado.