O Ministério da Agricultura tem avaliado a possibilidade de solicitar a inclusão temporária do arroz, milho e soja na lista de exceção à Tarifa Externa Comum. A ação é uma forma de equilibrar o mercado doméstico e impedir o aumento de preços de produtos da cesta básica.

Em entrevista à Sagres 730, nesta segunda-feira (31), o Coordenador Institucional do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Leonardo Machado, falou sobre o assunto.

 

Segundo ele, essa inclusão pode ajudar a diminuir o preço da cesta básica, mas explica que existem outros fatores responsáveis pelos aumentos. “Acredito que isso possa dar uma aliviada, principalmente no caso do arroz. Mas o fator cambial pressiona muito, porque esse produto entra cotado em dólar e ao chegar no Brasil precisa fazer a transformação, igual qualquer produto interno”, defende.

As Tarifas Externas Comuns (Tec) são as que países fora do Mercosul precisam pagar para que os produtos entrem no país.

“Todo país que não possui um acordo comercial, tanto em grupo quanto unilateral, eles pagam essas tarifas. É assim com produto americano e da União Europeia. Essa é uma estratégia do governo para facilitar que um produto de escassez no país possa entrar com preço mais reduzido que o comum”, explica.

Contudo, de acordo com o coordenador, como o milho e a soja são commodities agrícolas, e o Brasil é um importante produtor. Segundo Machado, talvez o impacto não seja tão grande quanto se possa esperar.

“Para a questão do arroz, pode chegar um outro produto importado, principalmente produto americano. Porém, como nosso câmbio está muito elevado esse produto poderia dificilmente causar um impacto tão positivo quanto é esperado”.

Todavia, Leonardo Machado explica que essa é uma estratégia que o governo tem utilizado para desafogar a questão dos preços encontrados nos supermercados, principalmente para o arroz.

“É difícil uma outra medida sem atrapalhar o livre comércio. O mercado é aberto e se auto regula. O que podemos esperar de uma iniciativa do governo é incentivar a produção”.

Questionado sobre o fato de o aumento dos preços estar relacionado ao crescimento progressivo das exportações e a falta do produto no mercado interno, o coordenador explicou que esse não deve ser o fator influente.

“Pegando o exemplo de Goiás, o estado só exportou até o momento, 40% da sua safra e 60% da produção goiana ficou no estado. O que a gente observa no preço da soja é realmente a questão cambial”, detalha.