Quando o médico Sérgio Rassi assumiu a presidência do Goiás em 2014. Encontrou um clube em frangalhos do ponto de vista financeiro. Com dividas lambendo a cifra de R$ 100 milhões, cujos credores iam de ex atletas na Justiça Trabalhista, passando por bancos e tributos. Naquela época, não tinha crédito nem no verdurão da esquina.
O descendente de árabe arregaçou as mangas da camisa e foi atacar este problema, pois se não o fizesse, certamente o Goiás, que tem uma estrutura de pessoal de dar inveja a muitas estatais, se tornaria inadministrável. Os credores fizeram Rassi viver algo que nunca havia vivido em sua vida particular: bater à sua porta com a fatura pra receber. O governo apertando o torniquete através da não liberação da CND (Certidão Negativa de Débito), que travava qualquer pretensão da diretoria em firmar um contrato de parceria com a Caixa Econômica Federal, por exemplo.
O Goiás é uma espécie de Rússia, embora eu ache que esteja mais para Coréia do Norte, na questão de eleição. No país dos Czares, por exemplo, há eleição, mas quem manda, sendo presidente ou não, é um branquelo cisudo chamado Vladmir Putin, um dos filhos da dona Putin. No Verdão todos sabem quem detém o controle absoluto.
Este tipo de gestão atrapalha mais que ajuda, pois o presidente não tem espaço de manobra para implantar suas ideias. Tudo que se vai fazer, por mais simples que seja, o Venerável Camarada tem que ser consultado porque intimamente o Kim Jong do Cerrado sente que o presidente lhe deve o cargo, já que o mesmo foi lhe concedido sem que esse tivesse que “correr atrás” de voto. Isso se deve porque no Goiás marca-se o dia da eleição, o felizardo a quem o “Nosso Guia” apontar o dedo é o “ungido” para ser o presidente. O gestor não tem liberdade sequer de montar sua equipe de trabalho. Ou alguém acha que o Sérgio Rassi queria trabalhar com Osmar Lucindo e Harlei Meneses?
Qualquer empresa que há uma divisão na cúpula, não funciona bem. Imagine isso no futebol, onde o atleta é um ser que, como classe, é um alienado de quase tudo. Mas no sentido de cidadania é de se dar inveja a um sueco quando se trata de salário e premiação!
Imagine um presidente trabalhando e traçando planos, mas sabendo que tem um olheiro do ditador monitorando e relatando tudo à Estrela do Oriente: o Venerável Camarada! Claro que o clube ficaria tão frágil que tudo acabaria refletindo em campo, que é onde interessa ao torcedor.
Sergio Rassi foi à luta. Segurou tudo que podia no primeiro ano de seu mandato. Em 2015 conseguiu equacionar o Goiás financeiramente, vendeu jogadores, trouxe como patrocinador máster a CEF, pagou todas as dividas, renegociou os tributos organizou a instituição e o clube hoje tem superavit nas contas, coisa rara no futebol brasileiro.
Mas nada disso foi reconhecido, pois o Goiás é um clube de FUTEBOL, e por mais que a administração tenha sido responsável, organizada, com um foco no equilíbrio receita/despesa, etc.. Como não se teve resultado dentro de campo, nada valeu a pena. O Goiás sob o comando de Sérgio Rassi caiu da Serie A pra B em 2015, não conseguiu subir em 16 e não conseguirá voltar para a elite do futebol brasileiro neste ano.
Durante os últimos três anos e nove meses, vários treinadores trabalharam no Goiás. Do ultrapassado Hélio dos Anjos, ao boa praça Julinho Camargo, dentre muitos outros. Na direção de futebol de Felipe Ximenes, Harlei Meneses e Osmar Lucindo nada de resultado satisfatório.
Cerca de duas centenas de jogadores vestiram o manto verde nesse período “Rassiano”. Como tudo que foi possível mexer foi mexido, só restava uma cabeça para ser entregue na bandeja da torcida. E ela foi entregue no dia 24 de agosto de 2017, com a renúncia do presidente Sergio Rassi. Assim mais um homem de bem é incinerado na fogueira ardente do futebol.
O ex-presidente de fato no futebol foi muito mal. Contudo, ninguém pode acusá-lo de não ter procurado fazer o melhor. As coisas não deram certo, assim como não estão dando para o São Paulo que tem uma receita de R$ 300 milhões.
O futebol não é uma matemática onde a soma de dois números sempre dará o resultado que tem que dar. Estas pessoas que humilharam o cidadão Sérgio Rassi não levaram em conta que, assim como qualquer ser humano, ele tem sentimento, tem família, tem amigos. Esse homem não merece a forma como foi tratado. Ele não merece a forma como foi desrespeitado até na sua intimidade.
Sérgio Rassi é um ser humano ímpar. Um homem honesto e bondoso. Um médico tão amoroso que às vezes chora quando não consegue salvar a vida de um paciente. Esse foi o homem xingado e achincalhado por pessoas que não o conhecem.
Pode-se ter certeza de que ele ama muito mais o Goiás do que qualquer um desses que depredaram parte do patrimônio do clube. Ele jamais destruiria uma mesa sequer de seu time do coração! Portanto, o futebol detrói mais uma pessoa. Lamentável.