O Goiás parece ser soberano no futebol goiano, tanto que fez a melhor campanha do Goianão e está na final onde encara o rival Atlético, tudo isso mantendo a invencibilidade. Só que, em três semanas, tem início o Brasileirão Série A e a tendência é que o clube encontre dificuldades imensas pela desigualdade exagerada com clubes do eixo RJ-SP. Só que o presidente esmeraldino, Sérgio Rassi, promete protestar forte, publicamente, contra isso.

Em entrevista ao repórter Pedro Henrique Geninho, da 730, o mandatário esmeraldino abordou, primeiramente, a dificuldade para pensar em qualificar o elenco, já que os valores pedidos estão exagerados, o que dá vantagem para os demais times mais tradicionais do país. De qualquer forma, Rassi entende que o elenco apresenta bom nível e pode representar bem na Série A.

“Eu acho que esse time está preparado para o Brasileiro. Nós fizemos diferente de outros anos, dessa vez nós estamos com o time montado desde o início do Goiano e com remanescentes do ano passado, não é aquela coisa de encaixar elementos em cima da hora. É um time coeso, um time sem nenhum expoente e todos, mais ou menos, com o mesmo valor. A torcida pode falar porque não contrata esse ou aquele jogador. É muito simples: porque não tem dinheiro”, afirmou o presidente.

E porque não tem dinheiro? O Goiás receberia nesta temporada, só de direitos de transmissão, algo em torno de R$30 milhões, quase R$2,5 milhões por mês. Entretanto, como a situação do clube era complicada no ano passado, o ex-presidente João Bosco Luz, fez uma antecipação de receita com a Globo, que detém os direitos, e a quantia a ser recebida nesse ano e no ano que vem (2015) está comprometida, com o Goiás recebendo menos de R$2 milhões por mês.

29-05-13-Goias-X-Corinthias-Leoiran-5446 1024x683Fora isso, o que mais revolta o presidente Sérgio Rassi é a desigualdade nos valores de clubes médios, como Goiás, Bahia, Coritiba e Atlético-PR, e times do eixo, no caso de Corinthians e Flamengo, que são os que recebem maior valor. Enquanto o Goiás receberia de R$28 a R$30 milhões, a dupla que tem maior torcida no país levam R$110 milhões, o que Rassi considera injusto e promete levantar uma bandeira como protesto.

“Eu acho uma injustiça essa desproporcionalidade que existe no futebol brasileiro. Se você pega o futebol americano, a NBA, todos os times tem cotas semelhantes de televisionamento. Um time que tem mais torcida ou que tem mais tradição no futebol goiano, ele deve se beneficiar por outras formas, não com direito de televisão, isso não é justo. Ele pode ter mais torcedores, mais sócios, um patrocinador, mas eu acredito que a televisão tem que ser igual para todos”, determinou.

O presidente esmeraldino citou dois esportes americanos, mas um dos maiores exemplos de sucesso nesse quesito é o futebol inglês, com a Premier League, que dá uma maior possibilidade para um clube considerado “pequeno” obter êxito e conquistar títulos. Na Inglaterra, 70% do total pago pela TV pelos direitos de transmissão são distribuídos igualmente entre os 20 clubes, 15% é dividido pela posição de cada clube no campeonato do ano anterior e os outros 15% pela audiência.

A desigualdade segue o modelo espanhol, onde Barcelona e Real Madrid recebem mais e quase sempre estão na ponta do campeonato. Para piorar, a tendência é que em 2016 essa disparidade seja ainda mais acentuada, já que os valores sofrerão reajustes. Flamengo e Corinthians devem passar a receber R$170 milhões, enquanto que o grupo do times onde está o Goiás ganharia R$35 milhões. A diferença, que hoje é de R$80 milhões, passaria para R$135 milhões.