A cidade assiste a construção de um mocó de nababos e o fato vai custar 50 milhões de reais. Já a verdade não custa nada, às vezes custa a aparecer, mas nunca é injusta. A Rede Clube de Comunicação traz luz a inúmeras situações que durante décadas autoridades mantiveram na escuridão. Ao divulgar a lista de servidores do Tribunal de Contas do Estado, um feito exclusivo da Rede Clube de Comunicação, mostrou uma gama de irregularidades.

Incrível que em pleno século XXI seja preciso um furo jornalístico para apresentar o que deveria estar na capa do portal na internet e pregado na porta de cada sala, com o salário à frente do nome e do horário de trabalho. Mas alguns órgãos ainda estão na Idade Média. E alguns representantes parecem na Idade da Pedra Lascada. O sindicato dos servidores se dispôs a pagar advogados em eventual ação por danos morais, não contra os fantasmas e os nepotes, mas contra quem exibiu o malfeito.

A alegação é que publicar a relação de servidores e salários contraria decisão judicial que beneficia tanto os barnabés da corte de contas quanto os da Assembleia. Quem não pode publicar são os próprios órgãos. A decisão não se aplica à imprensa, inclusive porque inviabilizaria a transparência determinada na Lei de Acesso à Informação. Os repórteres obtiveram o documento e era sua obrigação profissional publicá-lo. Foi uma prestação de serviços à sociedade, expondo nepotismo, supersalários e fantasmas.

A regra no TCE é pessoal sério e regular, fora da lei é exceção. O chamamento do sindicato deve atrair os integrantes da última categoria, uma vergonha para qualquer categoria. Quem entra pela porta dos fundos, ganha acima dos limites legais ou sequer aparece para trabalhar são apadrinhados. Os regidos pelo próprio mérito não se sentiram constrangidos com a divulgação. Eles não só merecem estar no TCE como, também, receber alta e legítima remuneração.

Ação como quer o sindicato se tornaria piada no Supremo Tribunal Federal, a exemplo da que solicitava cota de nepotismo nos órgãos públicos goianos para governador, deputados, magistrados e conselheiros. É a típica matéria que cai, por unanimidade, no plenário do STF, sob risos de ministros e escárnio generalizado. Goiás seria submetido a mais uma chacota em âmbito nacional, além do vexame de conviver com um órgão valhacouto de escândalos.