O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou um tombo histórico de 9,7% no segundo trimestre. A queda foi em relação aos três primeiros meses do ano, segundo dados divulgados pelo IBGE.

O setor que possui o maior peso no PIB, é o mais afetado pela pandemia da Covid-19, a área de serviços, que devido à crise com o vírus permanece com restrições ou até mesmo proibidas de abrir.

Segundo a assessora administrativa e financeira e professora de Economia e Administração, Karla Mendonça Araújo, a queda no crescimento do país, está ligada à falta de crescimento de serviços e da indústria. Esses são os setores mais afetados com a crise da economia, gerada pela pandemia do novo coronavírus.

“Isso fragiliza o governo, até porque, estamos em um patamar de dívida pública praticamente igual ao da nossa produção. Podemos chegar a não conseguir honrar com as nossas obrigações fiscais” afirmou a economista.

Para o superintendente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em Goiás, Edson Roberto Vieira, a crise econômica gerada pela pandemia da Covid-19 se torna ainda mais complexa, pois atinge a economia em todo o mundo.

“Dessa forma temos um impacto generalizado nas cadeias globais de produção. Analisando os dados dos 43 países, que divulgaram informações até agora, somente a China apresentou crescimento no segundo trimestre de 2020”, ressaltou Vieira.

O Brasil está na 19ª posição em relação à queda do PIB, entre os 43 países que divulgaram informações. Vieira pontuou que na Europa há países com reduções significativas e maiores que a brasileira. “A França tem queda de 13,8%, Portugal 13,9% e o Reino Unido, foi muito atingido, com 20,4% do PIB neste segundo trimestre”, explicou.

Auxílio emergencial

De acordo com Karla Mendonça, o auxílio emergencial é um fator importante que ajuda a manter um certo nível de serviço da economia, mas esse benefício será reduzido. “O governo já informou que o auxílio será mantido até dezembro, porém reduzido ao valor de R$ 300”, disse.

A assessora administrativa explicou também que o auxílio emergencial é o que está mantendo centralmente as famílias de baixa renda. Segundo ela, cerca de 46% da população teve a sua renda reduzida. “Além disso o desemprego está grande, esse auxílio garante pelo menos a subsistência das classes menos abastadas”, afirmou.

Sobre o auxílio emergencial o superintendente do IBGE concordou que o programa amenizou a queda do PIB. “Quando você de alguma forma garante uma renda para as famílias, essa ação vai influenciar o Produto Interno Bruto do país”, comentou.

Vieira ainda pontuou que existem duas situações que devem ser analisadas, do ponto de vista do auxílio emergencial. “A primeira é dar garantias mínimas para as pessoas continuarem sobrevivendo, sob o risco inclusive, de existir um caos social no país. A segunda e amenizar o impacto dessa pandemia sobre o PIB”, disse.

Agronegócio

A professora de economia esclareceu que o Brasil se encontra em um cenário de recessão. Segundo ela o único setor que obteve um crescimento, porém pequeno, foi o agronegócio.

“Isso aconteceu, justamente, porque essa área trabalha com serviços essenciais. O agronegócio é o único setor que não foi afetado em grande escala pela pandemia no Brasil”, explicou.

Karla Mendonça Araújo ressaltou que a agropecuária cresceu cerca de 0,4% no período. Segundo a economista esse aumento foi canalizado para a exportação, algumas commodities, que serão colhidas em 2021, já estão em negociação. “Isso está gerando renda no setor primário da economia” ressaltou.

Recuperação da economia

Nesta semana, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a economia brasileira está em processo de recuperação em V. Esse termo é usado por economistas para relatar uma retomada intensa, após uma queda vertiginosa na atividade econômica.

Sobre essa afirmação a assessora administrativa discorda do ministro. De acordo com Karla Mendonça, entre os meses de abril e junho, cerca de 10% das lojas do país fecharam as portas definitivamente. Esse número corresponde a 35 mil estabelecimentos comerciais e a 500 mil empregos.

“Essas pessoas não tem condições de retomar suas atividades então curto prazo. O ministro da Economia está sendo otimista em um cenário nada favorável”, afirmou.

Karla Mendonça frisou que a economia só vai se recuperar após uma estabilização da questão sanitária, com a chegada da vacina efetiva. “Sem essa estabilização é impossível fazer qualquer estimativa de prazo”, frisou a economista.

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