A cidade cumpre seu papel de capital e o fato a obriga a ter na paisagem órgãos como os tribunais de contas. Em Goiás, diferente de 90% do País, são dois, um tribunal de contas do Estado e outro dos municípios, o TCE e o TCM. Ao longo do tempo, os dois foram se aprimorando e vão se limpando. Pelo volume de denúncias, parece que estão em sua pior época. É exatamente o contrário. Nunca foram tão corretos, mesmo com os casos de nepotismo e apadrinhamento, hoje raríssimos em relação a passado recente. Em quase tudo estão melhores, só pioram quando querem se transformar em tribunais de exceção. No caso, o TCM.

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Em busca de holofotes, o Tribunal de Contas dos Municípios entrou na onda da Operação Miqueias e divulgou a relação de fundos de previdência problemáticos. Ao lado do nome de cada cidade, o TCM incluiu valores milionários, como se houvessem sido desviados. Quem ouve no rádio, vê na televisão ou lê com rapidez no jornal não nota que não há valor desviado, milionário ou não. Como as notícias são misturadas, fica parecendo que naquelas cidades aconteceu assalto ao bolso dos servidores municipais. E isso não é verdade.

Algumas cidades coincidem com as da Operação Miqueias. Assim, o TCM leva o público a acreditar que os atuais prefeitos fizeram desvios. Num cantinho, em letras bem miúdas, está escrito que as aplicações consideradas falhas pelo TCM foram feitas entre 2008 e 2012, portanto, em dois mandatos anteriores. Em áudio e vídeo, esse detalhe foi quase sempre omitido.

Conte aí a sucessão de equívocos do TCM:

Primeiro, sua relação nada tem a ver com a operação da Polícia Federal.

Segundo, não dá ênfase à informação de que os atos que considera errados ocorreram em mandatos passados.

Terceiro, não necessariamente houve desvio. Apenas os gestores dos fundos previdenciários aplicaram os recursos em instituições financeiras desaconselhadas pelo TCM. E são bancos sérios, queira o TCM ou não.

O TCM precisa evitar que se transforme em mais uma central de pistolagem da honra alheia. Suas informações têm de ser exatas e bem explicadas, pois fazem a diferença entre um político ter ficha limpa ou ficha suja. O TCM não pode ser mais um prédio a poluir os céus de Goiânia com o cheiro de enxofre exalado de seus subterrâneos.