Numa pesquisa realizada por especialistas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, algumas crianças relataram dificuldade em brincar sozinhas em ambiente físico. O estudo analisou a forma como as tecnologias digitais estão moldando o brincar infantil e demonstrou que elas estão afetando a criatividade das crianças.
As tecnologias já são parte da rotina da principal ocupação das crianças: brincar. Então, elas usam smartphones, tablets e computadores como parte do entretenimento, desde jogos a vídeos lúdicos. Na pesquisa, os pesquisadores avaliaram a interação de 14 crianças com as atividades virtuais e atividades recreativas.
Os sete meninos e sete meninas, de 8 a 12 anos de idade, são moradoras da cidade de Ribeirão Preto. Os dados sobre a recreação e os hábitos de consumo digital mostraram que há uma diminuição da criatividade e o aumento de riscos à saúde das crianças.
Criatividade
Sophya de Lima Domingos, estudante do curso de Terapia Ocupacional, disse que as tecnologias na ocupação do tempo livre das crianças acaba “diminuindo a criatividade para desenvolver brincadeiras individuais na vida real”.
“Brincar proporciona uma saída para o tédio através de criações imaginativas”, disse. Mas “as crianças estão habituadas ao consumo de conteúdo lúdico, passivo e pré-fabricado”, alertou.
Brincar agora é híbrido
Mesmo nas brincadeiras que requer um par as crianças mencionaram os jogos online. “Isso reforça a persistente interconexão entre o ato de brincar e as plataformas digitais”, contou Sophya de Lima Domingos. Assim, a terapeuta alertou para a segurança das brincadeiras online e ressaltou a necessidade de cuidado com a saúde emocional das crianças.
Segundo a estudante, as crianças citaram estresse e frustração quando elas falaram sobre jogos. Os pesquisadores também identificaram incidentes de cyberbullying nas falas. Apesar dos pontos negativos, Domingos disse que o brincar atualmente é mesmo híbrido.
Algumas crianças disseram que o meio digital também as inspiram no mundo físico, como o aprendizado em criar brinquedos caseiros e a reprodução de animações dos desenhos. Nesse sentido, Sophya alertou para a necessidade de conexão do mundo digital com o físico. “É preciso mitigar a solidão e experimentar conexões virtuais que complementam suas interações face a face”, disse.
Educação e saúde
A inovação do estudo está em ouvir as crianças para analisar o desenvolvimento infantil com a interação com as tecnologias digitais. Por isso, a estudante acredita que os resultados ajudarão profissionais de saúde e educação.
Ademais, Sophya de Lima Domingos disse que é preciso entender como as plataformas digitais “podem ajudar na criação de estratégias educativas e de intervenção que promovam um equilíbrio saudável entre o mundo virtual e o mundo real”.
*Com Jornal da USP
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 03 – Saúde e Bem-Estar e o ODS 04 – Educação de qualidade.
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