Você pode não ter sentido, mas o último mês foi o abril mais quente da história já registrado. Para piorar um quadro já preocupante, este foi o 11º mês seguido em que a temperatura global esteve acima do normal. É o que apontou na última semana o Copernicus, observatório climático da União Europeia.

De acordo com o serviço europeu, abril de 2024 teve uma temperatura média de 15,03°C, mais de meio grau (0,67°C) acima da média calculada nas últimas três décadas. Também 0,14°C acima do recorde que apurado em abril de 2016. Além disso, a temperatura média da superfície dos oceanos foi a mais alta para abril – 21,04°C.

Os dados mostram um perigoso aumento do aquecimento global. Desde junho do ano passado, todos os meses foram os mais quentes já registrados na história. O último abril esteve 1,58°C acima da média da era pré-industrial, assim com os outros meses passados, que também ultrapassaram o limite de 1,5°C estabelecido pelo Acordo de Paris.

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Abril de 2024 foi o 11º mês seguido a registrar recorde de calor (Foto: Serviço Copernicus para as Mudanças Climáticas/ECMWF)

“Há um consenso geral entre os conjuntos de dados de que o período desde 2015 é muito mais quente globalmente do que em qualquer período anterior, e que 2023 é o ano mais quente de todos”, afirmou o relatório do Copernicus.

Se maio de 2024 continuar a tendência, a Terra completará um ano com recordes de temperaturas. O aumento do clima se acumula em meio ao enfraquecimento do fenômeno climático natural El Niño, e evidencia o aquecimento alimentado pelo uso massivo de petróleo, carvão e gás natural no planeta.

Luta contra o aquecimento global deve seguir

Segundo pesquisa do jornal britânico The Guardian, 80% dos cientistas do IPCC acham que o planeta deve ficar 2,5°C mais quente do que na era pré-industrial. Quase metade projetam até que supere os 3°C. Somente 6% acreditam que o objetivo de manter o aquecimento a 1,5°C seja atingido.

Isso não significa que os esforços contra o aquecimento global sejam esquecidos, pelo contrário. “A mudança climática não se tornará de repente perigosa a 1,5°C, ela já é. E não será ‘fim de jogo’ se passarmos dos 2°C, o que pode muito bem acontecer”, ressaltou o cientista inglês Peter Cox, da Universidade de Exeter.

Independente do quanto a temperatura global subir, cada fração importa. Pode não parecer muito, mas é mais do que suficiente para causar catástrofes em todo o planeta. De norte a sul e de leste a oeste, muitas partes do planeta já sofrem com eventos climáticos extremos cada vez mais intensos e frequentes.

Em contraste com as chuvas e enchentes devastadoras no Rio Grande do Sul, a Ásia passa por ondas de calor extremo nas últimas semanas – o que também se espera para o verão europeu. Ondas de calor brutais e cidades submersas são exatamente amostras do presente de um futuro caótico se não fizermos mais contra o aquecimento global.

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