A pandemia da Covid-19 continua com seus efeitos no Brasil. Em Goiás, após uma segunda onda com números superiores à primeira, os gestores já trabalham com a possibilidade de uma terceira onda de infecções.

O secretário de Saúde de Aparecida de Goiânia, Alessandro Magalhães, afirmou em entrevista à Sagres, que as projeções para a cidade apontam para uma terceira onda no começo de julho. “Mas é um dado longínquo e pode mudar tudo. O que a gente tem percebido aqui em Aparecida é que começa no Sudeste e dois, três meses depois, acontece aqui na sequencia”.

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A cidade de Aparecida tem apresentado seguidas quedas na taxa de ocupação dos leitos públicos destinados ao tratamento da Covid-19. Entre 8 e 14 de maio, a redução foi de 32%, enquanto na semana seguinte, houve mais uma queda, desta vez de 13%. Alessandro atribuiu os números positivos a uma somatória de medidas, como o escalonamento regional, a testagem em massa e a vacinação.

“A vacinação já tem reflexos, porque na primeira onda a gente percebia muitos idosos internados, era a faixa-etária mais atingida. Hoje 90% desse grupo já está vacinado dentro de Aparecida”.

A taxa R, utilizada para monitorar o avanço da doença, também foi citada pelo secretário. Segundo Alessandro, a cidade tem taxa de 0.83, o que significa que 100 pessoas infectadas, em média, contaminam mais 83 pessoas. Em comparação, Goiânia registrou aumento da taxa R nos últimos dias, atingindo 1.3. Para essa diminuição, o secretário de Aparecida destacou a testagem.

“Insistimos tanto na testagem por dois motivos: O primeiro é que você consegue ter uma análise da pandemia por completo, diminuindo a subnotificação; O segundo é que com a testagem você faz o bloqueio da transmissão. Quando você testa precocemente e identifica, você faz o isolamento dessa pessoa”.

Novas variantes

Alessandro contou que a Secretaria de Saúde da cidade tem monitorado variantes rotineiramente. “Já sequenciamos mais de 500 amostras, então a gente está atento a qualquer variante que possa surgir dentro do município”. Porém, o secretário relatou que acha provável que a nova mutação, surgida na Índia, acabe entrando no país.

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“O Brasil não tem controle efetivo das suas fronteiras. Só agora começou a fechar os aeroportos para voos vindo de certas localidades, então a gente tem essa preocupação. E a gente viu que ela é muito agressiva, pelo menos na Índia, tem mostrado uma letalidade, uma agressividade muito grande. Então a gente está em alerta total com relação a essa variante”.

Alessandro continuou sobre o controle nos aeroportos brasileiros e detalhou que não acha necessário limitar a entrada de pessoas no Brasil, mas sim que haja um controle, com isolamento e monitoramento do viajante por 14 dias, além de rastreio de contatos.

Vacinação

Apontada com a única medida capaz de controlar a pandemia, a vacinação no Brasil, imunizou completamente, com duas doses, cerca de 10% da população. Em Aparecida, o índice está em 9%. O secretário mostrou preocupação com o ritmo atual da imunização e afirmou que nessa velocidade, o país só terminará a campanha em 2022. “Agora, a expectativa é que com a virada do segundo semestre, tenhamos uma possibilidade maior de vacinas e a gente possa acelerar esse processo”.

Alessandro vê com bons olhos uma alteração no Plano Nacional de Imunização (PNI), que poderá iniciar a vacinação já por faixa-etária a partir da próxima fase. A proposta do Ministério da Saúde deve dividir as doses direcionando 20% para categorias prioritárias, como professores e motoristas do transporte coletivo e 80% para as próximas idades, a partir de 59 anos. “A gente tem percebido que esse é um grupo com um processo inflamatório mais intenso”.

Para que haja uma normalização da vida, com menos contaminados e consequentemente menos mortos, o titular da pasta espera que seja necessário vacinar com duas doses, pelo menos 60% da população brasileira.