MATEUS VARGAS / BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) informou nesta sexta-feira (13) que os testes do sistema de votação feitos durante a semana, incluindo simulações de ataques hackers, não encontraram falhas que possam atrapalhar o pleito deste ano.
Desde quarta-feira (11), grupos de investigadores, como peritos da Polícia Federal, executaram cinco planos de ataque em etapa do TPS (Teste Público de Segurança do Sistema Eletrônico de Votação) promovido pelo tribunal.
“Nenhum dos planos de teste conseguiu alterar um voto ou mexer na totalização de votos”, disse o juiz auxiliar da presidência do TSE, Sandro Vieira, no encerramento do evento.
Estes mesmos planos haviam sido aplicados em novembro de 2021.
Eles foram repetidos agora por terem sido bem-sucedidos, ou seja, gerado sugestões de aperfeiçoamento das urnas, mesmo sem apresentar brechas que podem comprometer a votação.
No ciclo atual, que encerra a edição de 2021 da TPS, o tribunal fez alterações no sistema para eliminar as vulnerabilidades encontradas pelos pesquisadores.
“O balanço que eu faço é positivo. Os planos de ataques que foram bem-sucedidos em novembro trouxeram melhorias implementadas pelo TSE. Foram resolvidos os problemas encontrados na primeira fase”, disse Vieira.
Embora essa análise já estivesse prevista, ela foi feita no momento em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) amplia insinuações golpistas e ataques às urnas e dias após o TSE negar sugestões das Forças Armadas ao processo eleitoral.
Neste quinta (12), ao visitar o evento, o presidente do TSE, Edson Fachin, reagiu aos questionamentos de Bolsonaro e dos militares sobre o sistema eleitoral. Ele disse que quem trata das eleições são as “forças desarmadas”.
O general Heber Portella, que representa as Forças Armadas em comissão do TSE que discute as regras eleitorais, visitou o teste público nesta sexta.
O TSE irá divulgar em 30 de maio o documento final sobre o teste público de segurança.
Os sistemas eleitorais ainda passam por testes internos e podem ser aperfeiçoados até a lacração das urnas, que deve acontecer até 12 de setembro.
Vieira afirmou que a equipe do tribunal deve aproveitar ainda “sugestões procedimentais” geradas no teste público, por exemplo, sobre treinamento de mesários para evitar tentativas de quebra do sigilo do voto.
Também afirmou que o TSE irá avaliar sugestões sobre reduzir ou não o tamanho da cabine de voto para os próximos pleitos. A medida seria uma forma de evitar tentativas de acoplar dispositivo nas urnas.
O tribunal também fez correções de infraestrutura da rede e de controle de acesso a sistemas para barrar vulnerabilidades encontradas pelos peritos da PF em fase anterior do teste público. Segundo Vieira, as mudanças deram certo e foram validadas pelos agentes da polícia.
Ele ressaltou que mesmo no ataque controlado anterior dos peritos, tido como bem-sucedido, não houve alteração no sistema de transmissão dos boletins de urna, que foi o alvo dos agentes
“Ao tentar ingressar na rede, foram expulsos, não conseguiram o ataque”, disse Vieira. “Nossa solução de controle de comportamento dentro da rede foi validada”, declarou ainda.
No fim do ano passado, 26 investigadoras realizaram 29 planos de ataques contra as urnas eletrônicas durante o evento do TSE.
Cinco das ações tiveram algum tipo de “achado” relevante, segundo a corte eleitoral, na primeira etapa. “Os cinco planos bem-sucedidos atacaram, principalmente, os sistemas de transmissão e recepção dos resultados”, afirmou o tribunal.
Os achados de edições anteriores da TPS alimentaram ataques às urnas no governo Bolsonaro. O ministro da Justiça, Anderson Torres, apresentou análises de peritos da PF sobre esses testes durante uma live de Bolsonaro em julho de 2021, quando o presidente fez o seu maior ataque ao sistema eleitoral.
Esses relatórios da PF, porém, não apontavam para nenhuma possibilidade de fraude nas eleições.
Os testes da atual edição da TPS foram feitos no modelo da urna de 2015.
As Forças Armadas pediram ao TSE que o equipamento de 2020, que também será utilizado no pleito deste ano, fosse submetido a essa análise.
O TSE negou o pedido e disse que a versão atual apresenta arquitetura de segurança compatível com a que passou pelo teste público e que “possui também aprimoramentos importantes que a torna mais segura do que o modelo 2015 e anteriores”.
“O modelo de 2015 é seguro, como os testes já indicaram. E a urna de 2020 foi aprimorada. Temos convicção de que é superior em mecanismos de segurança”, disse Vieira, juiz auxiliar da presidência do TSE, na quarta-feira (11).
O TSE realizou cinco edições de testes públicos das urnas (2009, 2012, 2016, 2017 e 2019).
Na última edição, os investigadores revelaram duas vulnerabilidades, mas as brechas não permitiam a alteração de dados de eleitores ou candidatos. Os ataques também não conseguiram alterar o softwares da urna eletrônica. Os achados foram usados pelo tribunal para aperfeiçoar o sistema de voto.