Você faz ideia de qual ou quais sons movem a nossa capital? Qual é o barulho mais comum do cotidiano? Movida por estas questões, a pesquisadora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Thaís Oliveira, percorreu Goiânia para captar ruídos, vozes e todo tipo de marca sonora possível: a fritura do pastel, as vendas na feira hippie, a bicicleta da pamonha, a torcedora que grita o nome de seu time enquanto caminha por uma avenida movimentada, assim por diante. Agora, ela quer saber como é que o goianiense percebe tudo isso.
Por esse motivo, será realizada nesta quinta-feira (30), das 9h às 17h, no Grande Hotel, no Setor Central, a instalação “Janelas Sonoras”. A atividade é aberta ao público e faz parte da pesquisa de doutorado do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Performances Culturais, intitulada Performances sonoras: uma escuta do cotidiano goianiense, que Thaís realiza com orientação da professora da UFG Sainy Veloso.
Serão instaladas no prédio do Grande Hotel 20 caixas que, simultaneamente, ecoarão os sons de Goiânia. Para a pesquisadora, trata-se de uma sinfonia urbana. “O som que nos habita é o som da nossa memória. Um som que surge a partir do cotidiano vivido e da escuta do que está à nossa volta. Nos desperta sentimentos e recordações. Com essa instalação, esperamos que o público possa desenvolver uma atitude de percepção mais atenciosa em relação à sonoridade que o cerca”, afirma.
Durante a captação dos sons, a pesquisadora dividiu a cidade em quatro áreas: Feira Hippie; Região da Pecuária; Estádio de Futebol Serra Dourada; Região Central. Seu critério de escolha foi o fluxo de pessoas que passam por esses lugares todos os dias (ou em datas especiais). O trabalho durou um ano e seis meses, totalizando mais de trinta horas gravadas em alta qualidade. Esses são os sons que compõem a instalação artística.
Grande Hotel
De acordo com Thaís Oliveira, Janelas Sonoras ocorrerá no primeiro hotel da cidade em razão de sua importância arquitetônica e cultural. “A proposta da instalação é ‘dar voz’ para esse prédio histórico que, metaforicamente, a partir das janelas, estaria ‘pronunciando’ ruídos sonoros para quem passa, ou seja, dando visibilidade aos ruídos que, no cotidiano, passam despercebidos”, apresenta a pesquisadora, que também atua como professora do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual de Goiás (UEG).