Todo mundo tem alguma inspiração na vida. Podem ser daquelas que começam com a gente bem pequeno, observando e admirando tudo que nossos pais fazem. Às vezes coisas simples nos fazem brilhar os olhos e preenchem nossa imaginação. São simples mas para a nossa cabeça de criança é coisa de super-herói. Quem nunca encheu a boca para responder a tia da escola na semana das profissões com a seguinte frase: “quero ser igual meu pai (ou à minha mãe) quando eu crescer”?

Aí a gente vai crescendo, vendo as coisas com outros olhos, interpretando tudo com outra cabeça e vivendo cada coisa com uma bagagem cada vez maior e mais complexa. Até que chega a hora de realmente decidir: o que vamos ser quando crescer? Muitos continuam com a resposta lá do jardim de infância e seguem as profissões que cresceram vendo em casa, bem de perto. Eu não tive essa honra. Não me tornei um economista (minha matemática jamais me permitiria isso) ou um psicólogo (tampouco teria a calma e a paciência para isso), apesar de ter tido ao meu dispor o melhor exemplo possível de cada profissional dessas áreas.

Fui então me achar nesse mundão todo. Ter que escolher entre o dinheiro, a realização e a vocação. Acho que infelizmente são raríssimos os casos que conseguem unir os três pilares na sua escolha. Não fui exemplo disso, então resolvi deixar para trás (não muito, eu espero) o dinheiro. Achei algumas inspirações, fechei os olhos, me entreguei de corpo e alma naquela escolha, mesmo sem saber se era a certa, e fui ser jornalista.

Hoje eu sou um. E assim posso dizer: eu acertei. Sei que não vai dar para ser rico com minhas reportagens e notícias. Sei também que a rotina e disposição despendidas pela profissão mereciam um pagamento muito maior do que o real. Mas sei (e sinto) também que estou seguindo o caminho certo para a alcançar a minha realização.

E se hoje estou aqui é porque teve dedo (e as muitas das letras escritas por ele) de um cara fantástico. Um cara que veio ao mundo com a missão de embelezar, alimentar e inspirar a vida das pessoas (e que tenho certeza que cumpriu com maestria esse papel). Minha admiração por ele começou quando li sua biografia, mesmo ainda sem ler nada que havia escrito. A paixão com que se entregou à vida e à profissão me fizeram sonhar que eu poderia fazer algo parecido.

Gabriel García Marquéz nunca deixa ninguém sem sonhar. Veio ao mundo para trazer a alegria e as fantasias de criança que nunca deveriam sair do coração das pessoas por mais adultas que elas se tornassem. Das melhores lembranças que ele deixou: “Memória de minhas putas tristes”, “Crônicas de uma morte anunciada” e a obra-mor, “Cem anos de solidão”. “Cem anos de solidão” que acabei de ler recentemente sem querer acabar.

Gabriel Garcia Márquez foi e será, sem dúvida, um dos grandes seres humanos que passou nessa Terra. Veio para ser a fonte de inspiração de vários e, felizmente, foi a minha. Foi ele quem me deu o empurrãozinho que faltava para eu escolher ser o que sou hoje e, por isso, serei eternamente grato. Um brinde à ele e aos vários outros “Gabriels (éis) Garcia Márquez” espalhados pelos mundos. Um brinde às nossas inspirações, que nos fazem viver e sonhar.