O Gabinete de Articulação para Enfrentamento da Pandemia na Educação Pública em Goiás (Gaepe) expediu Nota Técnica recomendando a priorização da vacinação para os trabalhadores da educação. Em entrevista à Sagres, o coordenador do Gaepe, Fabrício Motta, explicou que, de fato, a vacinação dos professores e demais profissionais da educação é essencial para o retorno, mas a volta às aulas não depende só disso.

“Essa é uma questão sanitária que as autoridades de saúde devem avaliar em cada situação, em cada momento, em cada município, tanto que nós temos tido retornos em diferentes estados do nosso país. Então, é uma condição importante, essencial a ser priorizada, mas não necessária para o retorno às aulas”.

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O coordenador contou que uma ferramenta para garantir o cumprimento dos protocolos, em cada município foi criada. Ele citou que este é o pior momento da pandemia e que é preciso pensar nos reflexos que o retorno pode trazer. Por isso, entende que o retorno às aulas deve ser decidido pelo gestor municipal ou estadual. “Mas a decisão deve ser tecnicamente embasada, consciente e transparente. Quando for determinado o retorno, as escolas precisam estar prontas”.

A preocupação maior é com os alunos do ensino público. Fabrício relatou que há um problema de conectividade em todo o Estado de Goiás. Segundo ele, no ano passado, uma pesquisa identificou problema de conesxão em 70% das casas com alunos da rede pública do Estado. “O prejuízo é muito grande sobretudo em municípios do interior. Consequentemente, nós teremos problemas sérios de aprendizagem”.

Prioridades

O coordenador explicou que o Gaepe foi criado com a intenção de criar um ambiente de segurança jurídica para decisões que afetem a educação, referentes à pandemia. Além disso, evitar que divergências cheguem aos demais gestores, que já lidam com outras questões sobre a crise sanitária.

Pensando nisso, um calendário para a vacinação dos profissionais da educação deve ser elaborado com cuidado, com a seleção de prioridades dentro do grupo. Fabrício citou as notícias envolvendo profissionais de saúde.

“A escassez implica decisões difíceis, decisões relativas a estabelecer prioridades. E na saúde nós vimos diversas denúncias, diversas situações em municípios, por exemplo, de profissionais que foram vacinados pelo fato de serem médicos, odontólogos, alguns até profissionais de educação física, sem estarem na chamada linha de frente”.

Vale ressaltar que o Gaepe também pretende estabelecer uma maneira de identificar onde atuam estes profissionais. “Nós teremos que definir, por exemplo, quem serão esses professores, esses profissionais, como que eu vou provar o vínculo desses professores, o contracheque da escola ou não, se eles têm que estar em exercício ou não”.