Goiás Esporte Clube foi rebaixado para Série B do Brasileirão, após o empate diante do Bragantino no último fim de semana. Em entrevista ao repórter André Rodrigues, da Sagres 730, Edminho Pinheiro, vice-presidente do Conselho Deliberativo do Goiás, falou sobre os motivos que levaram o clube ao rebaixamento para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro.

Para ele, o clube apenas “colheu o que plantou” e revelou que ficou surpreso do time não cair no fim do primeiro turno ou no início do returno da competição. Segundo ele, as alterações na diretoria e no comando técnico fizeram o Esmeraldino realizar um bom segundo turno e por isso conseguiu se manter vivo até a 37° rodada do Brasileirão.

Ediminho destacou que o Goiás disputará “a Série B mais difícil da história”, com cinco campeões brasileiros e pela primeira vez com “um orçamento igual a todos os demais” clubes. O dirigente também criticou a administração da antiga diretoria.

“Não dá para entender porque essa maluquice desenfreada de achar que os grandes jogadores, apostas milionárias teriam que vir dos países sul-americanos. Sendo que evidentemente o nosso maior patrimônio está dentro do nosso CT Edmo Pinheiro, na base”, frisou.

O vice-presidente do Conselho Deliberativo demonstrou arrependimento por ter deixado o cargo em fevereiro do ano passado, mas salientou que saiu porque não aceitou ser “ser um bobo da corte”. Ele disse que não conseguia mudar a situação e por isso preferiu se afastar para não causar nenhuma crise no conselho.

Em relação aos problemas financeiros, Edminho declarou que o clube tem dívidas com parcelamento de rescisões, salários atrasados de jogadores que já foram embora, impostos atrasados, e fornecedores como: padaria, frutaria e açougue. Sendo assim, a diretoria terá que enxugar o quadro de funcionários.

“A primeira coisa que o Goiás precisa fazer é encontrar um caminho de volta aos trilhos, o Goiás infelizmente, atravessa talvez a pior crise financeira da sua história. Porque quando o Goiás tinha um faturamento baixo, ele também tinha uma estrutura pequena. Hoje o Goiás tem uma estrutura muito grande, já estão sendo eliminados muito cargos. Há poucos dias se extinguiu o cargo de Gestor de Futebol, o Goiás tinha gestor de segurança e muitos outros… a lista é de mais ou menos 100 pessoas que também devem perder os seus empregos”, revelou.

“Terá que ser de uma maneira paulatina porque para demitir também precisa ter dinheiro. Estamos fazendo mil e uma contas para saber como vamos enxugar o clube e vamos ter que enxugar muito. Vamos ter que cortar mais do que na carne, vamos ter que raspar o osso. Um terá que fazer o trabalho de três, às vezes quatro”, concluiu.

De acordo com Edminho Pinheiro a dívida do Goiás Esporte Clube está parcelada em 24 vezes. Quinze parcelas de R$1 milhão e o restante das prestações vão reduzindo gradativamente. Sem contar os débitos relacionados a reforma do Estádio Hailé Pinheiro. Essas, a diretoria esmeraldina pretende quitar através de uma parceria. O time busca um patrocinador para ficar com o nome do estádio por alguns anos e pagar as dívidas que ficaram para trás e concluir a ampliação da Serrinha.

Na Série B a cota de TV dos clubes giram em torno de R$7 milhões, o dirigente explicou ainda que esse dinheiro será destinado a folha de pagamento do time profissional da temporada 2021 e para as despesas do clube. Quanto às dívidas, o Goiás pretende pagar com o dinheiro recebido de atletas que já foram vendidos, como o Eric e o Michael, por exemplo.

“O Goiás terá praticamente o mesmo orçamento do nosso coirmão Vila Nova, que é R$ 7 milhões. Porque o dinheiro que temos para receber está praticamente todo comprometido com o buraco que está e ainda vai faltar muito, porque estamos dividindo muito além do que tem”, pontuou.

“Temos uma folha de mais ou menos R$ 1 milhão de reais do passado, para mais! Tomara que a gente venha a receber o dinheiro do Eric. Quando o vendi resguardei 40% da negociação, o que também não é nada expressivo, ele foi vendido por 2,6 milhões dólares, mas para nós hoje qualquer um milhão é muita coisa (…). Pela primeira vez Goiás e Vila terão condições similares na Série B, a diferença é que o Goiás ainda tem um custo de estrutura seis, sete vezes maior do que o do Vila”, declarou.

Renovações

Alguns atletas terão seus contratos encerrados neste mês, como o zagueiro Chico Grando, o volante Ariel Cabral, os meias Shaylon e Douglas Baggio e os atacantes Rafael Moura e Fernandão. Além do volante Gustavo Blanco que já foi devolvido ao Atlético Mineiro. Em relação a esses jogadores, Edminho Pinheiro disse que o clube pretende renovar somente com dois nomes.

“O Goiás tentará a renovação com o Shaylon e com o Fernandão. Quanto ao restante, todos já foram comunicados que o Goiás não tem condições e não tem interesse de fazer a renovação do contrato. O Fernandão é mais complicado porque além do próprio salário é um atleta excepcional. Vamos torcer para quem sabe a gente consiga renovar com o Fernandão, já que o salário dele é fora de qualquer lógica. Ele teria que entender a nova realidade do Goiás, acho difícil porque é um jogador que tem mercado”, ponderou.

“O Shaylon estamos vendo o próprio São Paulo queria colocar ele em algumas negociações. A nossa vantagem nisso é que ele gostou do Goiás, quer ficar e jogar no Goiás. Apesar que o salário também não é barato para o Goiás hoje. Jogador de R$60 mil virou como se a gente tivesse contratando um de R$300 mil, então é difícil”, lamentou.

>>Leia também: Quatro, cinco no máximo seis; Edminho Pinheiro diz que Goiás vai fazer poucas contratações em 2021

Comando técnico

Ainda falando sobre a temporada 2021, segundo Ediminho, Glauber Ramos e Augusto César devem ficar no comando técnico esmeraldino.

“Todas as vezes que chamavam eles para assumir, era com barco afundando e eles na maioria das vezes, quando disputavam os jogos, ganhavam. E agora que quase conseguiram permanecer com o Goiás na Série A, seria uma injustiça não dar efetivamente a oportunidade deles começarem o trabalho do zero”, afirmou.

Marcelo Segurado

Há poucos dias Marcelo Segurado foi desligado do Goiás, ele vinha exercendo a função de executivo no departamento de futebol. Após a sua saída, o dirigente afirmou em entrevista à PUC TV que em relação ao seu desligamento, o presidente Paulo Rogério Pinheiro foi voto vencido e que Edminho Pinheiro, Harlei Menezes e Osmar Lucindo não gostavam dele.

Questionado sobre o assunto, Edminho reiterou que não houve demissão e que o cargo foi extinto.

“Eu não sei da onde que ele tirou que eu não gosto dele, até porque quem deu a oportunidade para o Marcelo fui eu. Na época que ele nem era do futebol, fui eu que falei com o Hailé Pinheiro que era para dar (a oportunidade) para ele. E essa definição de que o presidente foi voto vencido, não é verdade! Não existe isso, os cargos estão sendo extintos. O Marcelo é uma cria da casa, o sobrenome dele tem história dentro do Goiás. Como eu poderia não gostar de alguém que tem uma história tão bonita dentro do Goiás, como teve o Segurado. Essa decisão não foi minha, nem do Harlei, nem do Osmar, foi uma decisão do clube”, finalizou.

Confira a íntegra da entrevista: