Ex-prefeito de Senador Canedo, ex-candidato ao governo de Goiás, e atual membro do PMDB, Vanderlan Cardoso concedeu uma entrevista na RÁDIO 730, comentando questões políticas do PMDB, e sobre o fato de o Tribunal de Contas do Município (TCM) ter rejeitado um balancete de 2006.

  • Ouça a entrevista na íntegra:

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Altair: A partir de uma polêmica na agenda política de um artigo do jornal O Popular, foi indicado que o senhor estaria insatisfeito com a sua situação dentro do PMDB. Quais seriam as razões desta insatisfação?

Vanderlan: Acho que em várias entrevistas, eu disse que nós analisamos a proposta do PMDB, por meio da conversa com muitas pessoas dentro do partido. Eu procurei conversar com o maior número de pessoas para entender um pouco do partido. Sabia que não ia simplesmente ter unanimidade, embora eu ache que, num primeiro momento, conseguimos ter 95% ou mais de aprovação da nossa ida ao partido. Algumas pessoas que acharam que eu não seria benvindo e que as coisas dentro do partido estavam indo muito bem. Apresentei um projeto de reestruturação em que eu pensava que poderia estar contribuindo com o partido, mas, a princípio, este plano estratégico não foi colocado em nenhum dos pontos. Mas o tempo está passando, e eu acho que poderia ter mais ações se a gente pudesse colocar uma parte deste plano. Também não fiz imposição nenhuma.

Cipriano: Com a experiência que o senhor já tem, essa ação que o senhor faz de reoxigenar o partido não poderia estar incomodando pessoas que ainda aspiram a possibilidade de Iris Rezende ser candidato ao governo em 2014? O que o senhor tem sentido de Iris Rezende? Ele apoia essa ação do senhor?

Vanderlan: Apoia sim, tanto é que uma recomendação quando foi feito o convite era que eu conhecesse as bases e as particularidades em cada município. Eu não vim para comandar partido, e apresentei um projeto para o partido sem fazer parte da executiva, porque eu quero realmente contribuir, senão esta expectativa que gerou em torno do meu nome chega ao ponto que os companheiros do interior nos ligam para que a gente tenha condições de resolver, e se eu não puder atender esta expectativa, daqui a pouco eu fico queimado e nada acontece.

Cipriano: Esta ação do senhor não tem nada a ver em conflitar com o projeto de Iris Rezende em 2014? Isso é uma ação que você faz para fortalecer o partido?

Vanderlan: A ideia é essa. Não fiz imposição para 2014, e acho que deixei isso bem claro em todos os lugares que eu fui. As pessoas estão confundindo, achando que este desejo ao ser candidato a governador em 2010 mostra que a qualquer custo eu quero ser candidato a governador em 2014. Isso não existe, e eu já disse que vou conquistar este espaço, alguns querendo ou não. Qualquer candidatura minha vai depender muito mais de mim. E só vou onde sou chamado, e se eu vir que as minhas ideias não estão sendo aceitas, eu me recuo mesmo.

Altair: O que diz esse planejamento estratégico?

Vanderlan: São objetivos específicos do PMDB, estratégias de atuação, visando às eleições de 2012. Fui ouvido no diretório. São coisas simples, o básico é fazer o dever de casa. Ficou comprovado nas eleições de 2010 que com um pouquinho mais de atuação do partido, o candidato Iris Rezende seria o Governador de Goiás. Um dos pontos é abrir espaço para novas lideranças.  

Altair: O senhor propõe organizar palestras e seminários temáticos regionais com lideranças e especialistas do partido. O PMDB não está fazendo isso?

Vanderlan: Altair, eu acho que poderia estar fazendo mais, já que temos boas experiências dentro do partido para dividir essas experiências com a gente.

Altair: O senhor apresentou esta visão estratégica para o PMDB, não foi demandada a ação diante disso, e questiono se o senhor está dando um prazo para o PMDB responder?

Vanderlan: Não, não há nenhum prazo. Como eu disse, a minha forma de trabalhar é muito simples, não sou de ficar oferecendo. Aquela expectativa de eu apresentar as ideias, eu já apresentei, agora eu acho necessário um trabalho melhor, principalmente em relação à comunicação, e também nas bases, já que o tempo das eleições está ai.

Cipriano: Vanderlan, neste trabalho chega um momento que você pode cansar, sem ter ressonância?

Vanderlan: Acho que não cansa, mas talvez não tão estimulado, porque eu não sou de desistir. A gente chega com todo gás, querendo realmente ajudar, e não quero em hipótese alguma chegar e ser o dono da verdade, mas gostaram das minhas propostas.

Altair: Sobre a estratégia de disseminar a tese de que o partido vai respeitar a divergência de opinião, mas terá unidade na decisão. O que significa isso?

Vanderlan: O que a gente vê ai muito é um dando uma opinião, outro dando outra, então são essas as divergências. As discussões dentro do diretório devem chegar à exaustão, mas abriu a porta dali para fora, o partido tem que ter uma voz. Temos vários assuntos a serem discutidos, e qual é a posição do partido com relação a algumas questões, como por exemplo, o reajuste que o governo está falando de 51% da energia? O partido que não tem projeto, não é partido.

Altair: O senhor estaria conversando com Sandro Mabel sobre a saída dele do PR?

Vanderlan: Eu estive com Sandro Mabel anteontem, e ele realmente está disposto a ir para o PMDB, mas ele também acha que para ele e o partido tem que haver alguma mudança concreta.

Cipriano: Estes questionamentos internos que você faz, eles são novos ou parece que outras pessoas já fizeram estes mesmos questionamentos no PMDB?

Vanderlan: Eu estou acompanhando o PMDB da minha vinda para cá, até porque eu tenho pouco tempo na política. Eu fui muito bem claro na apresentação do projeto, e com relação ao passado, eu não vejo, algumas coisas são só pelos jornais, mas sem aprofundar mais.

Altair: O recado do senhor agora está sendo entendido como uma insatisfação, como um alerta, como um grito para se faça alguma coisa. O senhor está numa encruzilhada entre ficar no PMDB ou não neste momento?

Vanderlan: Eu não pensei em sair do partido, estas divergências a gente já está preparado para o que vai acontecer. Os problemas surgem e eles estão ai para serem resolvidos. Acredito que isso aqui já está sendo discutido dentro do partido.

Cipriano: Na análise, o que teria faltado para o PMDB ter eleito Iris Rezende em 2010?

Vanderlan: Um pouco de estrutura, mas estrutura não é tudo. As pessoas confundem achando que ter milhões e milhões na campanha ajuda, mas faltou empenho, planejamento, garra e determinação. A gente viu que muitas pessoas, depois que passaram as eleições, cruzaram os braços, ou muitas que foram pedir votos para adversário.

Altair: Considerando a informação do jornal O Popular que o Tribunal de Contas do Município rejeitou suas contas de 2006, em uma questão relativa à transferência s recursos de uma instituição dentro da prefeitura, e considerando também aplicação de reajustes na gestão. O que o senhor pretende fazer diante desta situação?

Vanderlan: Primeiro quero esclarecer que as nossas contas de 2006 a frente da Prefeitura de Senador Canedo foram aprovadas. O que está em ressalva é um balancete de dezembro que está em diligência para a gente apresentar documentos. Isso ser divulgado desta forma é um pouco estranho. Nem recebemos documentos. Os trabalhos que fizemos a frente da Prefeitura de Senador Canedo são mais de 10 mil processos por ano, e temos dois em diligência. A administração de Senador Canedo é exemplo em organização e continua com o Prefeito Túlio. Talvez eu acho que uma manchete assim: “Contas aprovadas de 2006 com ressalvas no balancete”, talvez seria o mais justo.