A cidade de Goianésia se amedronta e o fato tem explicação duplicada: nova semana se passou sem combate à pedofilia e uma pessoa se demonstrou preocupada com o descalabro. O novo assustado seria o próprio vereador Temal Carrilho, condenado a 17 anos de prisão por estuprar uma criança. A vítima é sua sobrinha, que disse à Polícia e ao Ministério Público que começou a ser violentada pelo tio quando estava com apenas 9 anos. As agressões sexuais duraram 50 meses. Os rumores em Goianésia são de que Temal Carrilho se afastaria do cargo enquanto aguarda o julgamento do recurso que o mantém livre.

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Se Temal Carrilho realmente deixar o posto de vereador por espontânea vontade, vai ser um soco na cara dos pamonhas de Goianésia. Será a chance de Temar Carrilho mostrar que realmente não teme a verdade. Quem, aliás, treme sem parar é o restante da Câmara, à exceção dos vereadores Múcio Santana e Marcos Pernambuco, autores do pedido de cassação de Temal. O time está completo, com onze omissos. Se não valorizam o mandato nem a própria consciência, deveriam ao menos pensar nos descendentes. Um dia haverão de responder aos filhos e aos netos, sobretudo às filhas e às netas, se no escândalo da menina estuprada ficaram ao lado da infância ou da infâmia.

Mesmo condenado por crime tão repugnante, Temal Carrilho pode exibir uma dignidade rara entre as autoridades de Goianésia. Deve ser complicado explicar para si mesmo quando se é menos digno que um apenado por estupro de criança. A delegada, a promotora e a juíza que atuaram no caso orgulham a profissão, a comunidade, a família e o futuro. Elas farão sorrir seus filhos e netos. Destaque absoluto também para outro magistrado, Decildo Ferreira Lopes, autor da sentença penal condenatória. Com sabedoria, coragem e discernimento, Ferreira Lopes foi justo. Seu texto é irretocável, fartamente embasado e nutrido por autos ricos em provas. No caso Temal não deve ter sido diferente. Sua decisão haverá de ser confirmada pelo Tribunal de Justiça.

Se Temal Carrilho tomar a iniciativa de se afastar da Câmara, dará uma lição na escória de que faz parte. Sim, existe político mais surreal do que o detentor de mandato que estupra criança: é o político condenado por estupro que dá lições a quem tenta ser partícipe de sua hediondez.