Ao longo de toda a pandemia, o afastamento da escola por parte dos alunos foi uma das medidas mais duras para a contenção do espalhamento do coronavírus. As expectativas de retorno ao longo de 2020 foram sendo frustradas pela evolução do número de casos, mas um novo ano letivo começa e o que se vê é que as salas de aula voltarão a ser ocupadas.

O assunto é delicado e envolve a segurança de professores, alunos e familiares. Muitos pais querem o retorno presencial, alegando que os prejuízos desse afastamento são muitos e que precisam que seus filhos retornem. Outros, pais, professores, profissionais de saúde, etc, discordam e argumentam que este é o pior momento da pandemia até agora, e que, mais do que nunca, é hora de reforçar as medidas de segurança.

No Programa Nosso Melhor do dia 20 de janeiro, conversei com duas pessoas que estão discutindo a fundo essa questão: o presidente do Conselho Estadual de Educação, o professor Flávio Roberto de Castro, e a presidente das Comissões de Educação, Ciência e Tecnologia e de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores, vereadora Aava Santiago.

Flávio de Castro destaca que, durante toda a pandemia, não houve uma liderança que priorizasse a educação. O acesso à internet também foi um complicador para muitos alunos, que há grandes diferenças de estrutura entre as escolas e o desafio do retorno presencial será enorme.

Conforme Flávio, as escolas foram o primeiro segmento a ser fechado, mas tem se mostrado um ambiente em que o cumprimento das regras de segurança tem sido seguido. O presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Goiânia argumenta que o controle de deslocamento de pessoas é maior do que em outros ambientes como shoppings e feiras, por exemplo.

Em meio a essa discussão, os pais também têm a opção de que seus filhos tenham aulas presenciais ou virtuais. Em muitas escolas, as aulas presenciais serão transmitidas em tempo real via internet. Quem for à escola, pelo menos nas particulares, estudará por meio de escalas semanais com grupos menores em sala. Os cuidados visam proteger também os professores, muitos deles em grupos de risco para a Covid-19.

O Conselho Estadual de Educação tem respeitado as orientações da área de saúde e, a partir disso, elabora estratégias para a comunidade escolar. Flavio lamenta que, em mais de dez meses de pandemia, os governos não promoveram políticas públicas que melhorassem o acesso à educação virtual à população mais carente, causando enormes dificuldades de aprendizagem a muitos alunos.

Por sua vez, a vereadora Aava Santiago tem uma visão diferente. Para ela, a discrepância entre os universos da educação pública e privada formam um abismo que amplia as desigualdades entre alunos. Presidente da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Câmara Municipal, Aava criou um grupo de trabalho junto com o vereador e presidente da Comissão de Saúde, Mauro Rubem, para elaborar um diagnóstico aprofundado da situação que sirva de parâmetro para a volta às aulas na rede pública municipal de ensino. O início das discussões reuniu mais de 80 diretores de escolas, de forma virtual, ávidos para dialogar e propor saídas para esta crise no ensino.

Uma rede de vereadoras de todo o Brasil se articula para que os professores entrem nos grupos prioritários de vacinação. Para Aava, muitos professores correm risco e muitos alunos não têm estrutura para assistir aulas virtuais. A ideia é proteger os professores e fazer com que esses alunos possam ir para a escola em segurança, em um formato híbrido que precisa ser implantado com planejamento e responsabilidade.