A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira deve votar nesta terça-feira (11), além do relatório final do deputado Odair Cunha (PT-MG), votos em separado apresentados pelos deputados Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e Rubens Bueno (PPS-PR) e pelo PSDB.

Lorenzoni afirma que a CPI foi monitorada pelo Palácio do Planalto, com a intenção de proteger órgãos públicos, como o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), e políticos, como o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.

Além disso, Lorenzoni reclama que muitas empresas ficaram de fora do relatório final. “No conjunto investigativo da CPMI do Cachoeira, nós investigamos R$ 109 milhões que foram lavados por um conjunto de empresas que estavam localizadas na região central do Brasil. Em contrapartida, tem outro volume de R$ 440 milhões, dinheiro público, que saiu dos cofres da empresa Delta e foi irrigar 21 empresas que supomos que sejam laranja. Essas empresas não apareceram no relatório dele, o nome, o CGC das empresas e tampouco as conexões das quais essas empresas participaram.”

Contratos com o SUS
O voto em separado do deputado Rubens Bueno apresenta sete pontos que, segundo o parlamentar, não foram citados no relatório de Odair Cunha. Entre eles, a rota dos contratos dos medicamentos genéricos produzidos e comercializados pela Vitapan Indústria Farmacêutica Ltda., empresa hoje pertencente à ex-mulher de Cachoeira, firmados com o Sistema Único de Saúde (SUS) em diversos estados da União.

Bueno também pede a investigação das empresas identificadas como fantasma ou laranja, suspeitas de lavagem de dinheiro e de se articularem com o esquema de Carlinhos Cachoeira e com a empreiteira Delta. “São centenas de milhões de reais, que saíram de empresas que têm contratos com governo, recebem bilhões do governo, e, claro, que essas empresas, ao indicarem empresas-fantasma ou de faxada, estavam abastecendo caixas de campanha, outro tipo de negócio que não era o objetivo do contrato com o governo.”

Apesar de terem apresentado voto em separado, Onyx Lorenzoni e Rubens Bueno poderão votar pela aprovação do relatório final do deputado Odair Cunha, porque o Regimento Comum da Câmara e do Senado assim o permite. O próprio Bueno já admitiu que vai aprovar o texto desde que o voto em separado dele seja acatado pela CPMI.

Rejeição do relatório
Já os parlamentares do PSDB que integram a comissão pedem a rejeição do relatório.

Para Odair Cunha, quem votar contra o texto votará a favor da quadrilha de Carlinhos Cachoeira. “Toda a movimentação financeira da organização criminosa, ou seja, o sistema de financiamento da organização criminosa, as ramificações políticas dessa organização, foram desvendados e analisados pela CPMI. Esse é o núcleo do nosso relatório e, obviamente, nós acreditamos ser necessária a aprovação do nosso relatório, exatamente porque ele desvenda essa organização criminosa e suas ramificações políticas e empresariais.” (Da Agência Câmara)