Desde a conquista do mundial de 2002 e o subsequente fracasso no mundial de 2006, a Seleção Brasileira nunca mais foi a mesma. A imagem do capitão Cafu subindo no pedestal para levantar a taça do pentacampeonato foi a última vez em que o futebol do Brasil esteve literalmente por cima. De lá, a Seleção Canarinho pegou a ladeira descendo e parece não saber quando vai parar.
Pelo menos para mim, que não me orgulho mais de ver uma partida do Brasil desde então. Em 2006 um time superior a qualquer outro, a última “super-seleção” brasileira, mas que fracassou pela falta de comando. Em 2010 arrogância, prepotência e um grupo bem mais ou menos. Com um general no comando, caímos nas quartas-de-final. Em 2014, prefiro não falar nada. Acho que a ferida de todo mundo ainda está aberta.
Essa Copa América poderia iniciar uma redenção no futebol brasileiro, mas a verdade é que foi apenas mais um dedo na tal da ferida, para fazer tudo sangrar novamente. A volta de Dunga ao comando já era um sinal de que nada mudaria. E não mudou. Não quero saber de números (que realmente são bons), o futebol não é ciência exata. Futebol é emoção, paixão e entrega. Preciso perguntar a alguém se o selecionado “Neymar + 10” apresenta qualquer uma desses três características?
Muita mídia, muito escândalo e pouquíssimo futebol. Esse é o Brasil de hoje. Além de Neymar, nenhum grande jogador, mas, que têm o potencial de formarem um grande time. O maior problema é a estagnação dos nossos treinadores e na arrogância da CBF em não querer olhar para os bons exemplos. Uma “super-seleção” é capaz de ir além das deficiências táticas e, impondo a técnica, vencer seleções bem armadas jogando um bom futebol. Essa não é nossa realidade mais.
Com bons jogadores e um bom técnico, o Brasil poderia voltar a ser competitivo. O que prova como o mercado de treinadores brasileiro está em baixa é o número de treinadores argentinos, que normalmente já eram mais bem vistos no mundo do futebol e que agora parecerem realmente estar consolidando sua escola nos melhores centros de futebol do mundo. Só na Copa América são seis técnicos argentinos para 12 seleções. Metade.
A falta de evolução do futebol brasileiro também atinge a escola de treinadores, culpados e vítimas do atual modelo falido. Culpados por, em sua maioria, não estarem abertos às novidades do futebol e reconhecer que uma atualização é necessária, e vítima por não conseguir ter sequência nos clubes brasileiros, que vislumbram apenas resultados e não projetos.
A Copa América vai se tornando mais um prova cabal do buraco em que o nosso futebol está se enterrando. Que ela possa se somar à Copa do Mundo para fazer os “donos” do futebol do Brasil refletirem e ver que o caminho precisa ser mudado. Sinceramente, acho que não, mas a esperança é a última que morre.
Confira a lista dos técnicos de todas as seleções da Copa América:
– Chile – Jorge Sampaoli (Argentino)
– Bolívia – Maurício Soria (Boliviano)
– Equador – Gustavo Quinteros (Argentino naturalizado Boliviano)
– México – Miguel Herrera (Mexicano)
– Argentina – Tata Martino (Argentino)
– Paraguai – Ramón Diaz (Argentino)
– Uruguai – Óscar Tabárez (Uruguaio)
– Jamaica – Winfried Schäfer (Alemanha)
– Brasil – Dunga (Brasileiro)
– Peru – Ricardo Gareca (Argentino)
– Colômbia – José Pekerman (Argentino)
– Venezuela – Noel Sanvicente (Venezuelano)