Cerca de 4 milhões e meio de pessoas foram infectadas pelo novo coronavírus em todo o mundo. Até o momento, 304 mil pessoas morreram por covid-19, e quantidade de pessoas que conseguiram se recuperar da doença é de 1 milhão 610 mil. Diante deste cenário, o Debate Super Sábado (16) desta semana conversou com a Jakeline Nunes, tradutora e leitora de língua portuguesa em uma universidade de estudos internacionais na Universidade De Estudos Internacionais de Sichuan, na China; e, também, com a Gabriella da Silva, cantora em Moscow, na Rússia.

Começando pela Rússia, a brasileira Gabriella da Silva, relata os trágicos números de infectados no país em que mora, mas, felizmente, o número de óbitos é bem menor. “A Rússia é o segundo país onde tem mais pessoas contaminadas, mas também a quantidade de pessoas que morreram é bem pequena. Por aqui está tudo fechado, mas as pessoas já estão cansadas de ficar em casa, muitas estão saindo para trabalhar. Uma coisa que eu gostei do governo aqui da Rússia, é que eles estão dando dinheiro, tipo um salário, para as pessoas que estão sem trabalho, e eles recebem por cada filho. Aqui só pode andar de mascaras e luvas, o supermercado não deixa você entrar se não estiver com mascara e luva.”

Sobre o isolamento, Gabriella disse que o isolamento social na Rússia já deixou de ser um sugestão e passou a ser uma determinação do governo. “Se você sai na rua, você pode pagar uma multa no valor de 5 mil Rublos (R$ 398,55). Só que as pessoas estão querendo trabalhar, porque o tempo está passando e muitas pessoas não tem possibilidade de ficar em casa e ficar sem ganhar seu dinheiro, as contas vem e tudo mais”, ressaltou.

Mesmo com a determinação do isolamento, o governo deixou algumas pessoas trabalharem, e a cantora informou que a única possibilidade de sair de casa é para trabalhar. “O governo da Rússia deixou algumas pessoas trabalharem, só que não tem possibilidade de você passear com a sua criança na rua, de você ir no parque, não pode. Você só tem a possibilidade de ir para o seu trabalho e voltar. Muitas pessoas já perderam o emprego, muitas empresas já fecharam, companhias foram a falência. Então, as pessoas que estão em casa, desempregadas, o governo está ajudando com um salário por cada criança”, afirma.

Indo para mais longe, Jakeline Nunes contou como está sendo essa situação na China, e como esperado em todos os lugares, os chineses também estão preocupados com o trabalho. “Na China as pessoas ficaram muito ociosas para voltar a trabalhar, desde as profissões mais comuns, porque aqui o governo não ofereceu nenhuma ajuda durante a pandemia. O que o governo fez para tentar resolver essa situação, foi tentar organizar uma recompensação fiscal dos maiores para os menores. Então, os grandes proprietários foram incentivados a darem descontos ou não cobrar aluguel, para as pessoas não terem dividas. Somado a esse desconto do aluguel, as empresas também tiverem desconto ou até mesmo o não pagamento de conta de água e luz”, ressaltou.

Com a maior população idosa do mundo, Jakeline contou a dificuldade na China em conscientizar os mais velhos, para que todos ficassem em casa. “O que foi bastante difícil para o país, foi explicar e conscientizar a população mais velha, porque os idosos aqui na China são muito respeitados… então conscientizar essa grande população envelhecida, e na China é um dos países com a maior população envelhecida do mundo, foi o mais difícil.”

Com toda situação do vírus pelo o mundo, na China as coisas já amenizaram, e a rotina já voltou ao normal. “Quando o comercio voltou, que o lockdown acabou, foi muito bom, a gente pode ver que os chineses estavam realmente desesperados para voltar a trabalhar e ter as suas vidas de volta”, disse Jakeline Nunes, sobre a volta ao trabalho na China.

“Eu gosto muito de usar uma frase que o presidente da China falou em um discurso de 2013, que se a população da China, principalmente os mais pobres, se eles estão enfrentando alguma dificuldade, a população chinesa deve se unir com toda força que eles tem para combater isso que atinge tantas pessoas, que eles são capazes de vencer tudo e qualquer coisas”, ressaltou Jakeline, sobre a importância do trabalho em conjunto, principalmente, nesse período de pandemia.

No Brasil

Depois de passar pela Rússia e pela China, a gente volta para o Brasil para conferir como foi a semana em alguns estados brasileiros. Para isso, convidamos para participar do debate o Bruno Sales, Jornalista e apresentador do Café Duplo da Rádio CAM 105.3 FM, na Bahia; e Ana Cristina Bruno, Jornalista e coordenadora de Comunicação do Conselho Regional Farmácia do Estado do Paraná.

Começando pela Bahia, Bruno Sales, destaca a importância de ter a união entre os políticos nesse momento de pandemia, e que seu estado não tem sofrido interferência com isso, o que percebe-se em todo Brasil. “O baiano ainda tem uma sorte, digamos assim, uma vantagem, porque tanto o governador da Bahia, quanto o prefeito da capital, conseguiram deixar as divergências politicas de lado, e nesse momento trabalham juntos nessa guerra, com medidas casadas”, relata.

Vendo como vantagem, o jornalista vê com essa união de forças, que o baiano pode se proteger da melhor forma possível. “A gente tem essa vantagem aqui na Bahia. O que eu posso dizer sobre as ações emergenciais, preventivas e todo cuidado com a saúde, até a inauguração de postos e de hospitais de campanha, tem essa união de força. Então, por aqui, pelo menos essa questão política, não tem interferido tanto quanto a gente percebe aqui no Brasil”, afirma.

Indo para o Paraná, a jornalista Ana Cristina, ressalta a mesma união política em Curitiba, onde se concentra os maiores números de casos do estado. “A gente também não tem divergência política, ao menos na capital, a gente não tem um cenário de contradição política, a gente vê uma linguagem comum, de ficar em casa nesse momento”, disse.

Entretanto, mesmo tendo a união política como positivo, tem o lado negativo, pois os comércios voltaram a ativa, e Ana Cristina teme um futuro complicado. “Mas nesse momento a reabertura do comércio está acontecendo, a gente já vê a maioria dos comércios abertos, salões e academias também voltando as suas atividades, e a consequência disso tudo nós veremos agora”, relatou.

“Independente da posição política, a gente vê a população pedindo essa volta, sem visualizar uma consequência futura. Então, a gente vê da população, uma movimentação contraria nesse momento, alguns precisando sair de casa e outros desobedecendo o isolamento, no sentido que a pessoa tem condição de ficar em casa”, disse Ana Cristina, que preocupa com o pico da doença e ressalta aos moradores que tem possibilidade de ficar em casa, continuem em casa.

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