O Brasil está próximo de enfrentar um blecaute ainda em 2021. É o que indica um cálculo do Centro Brasileiro de Infraestrutura com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico.
Em entrevista à Sagres nesta quarta-feira (14), o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura Advisory, Pedro Rodrigues, afirma que um dos fatores que corroboram para essa possibilidade é a falta de alternativas para geração de energia no país, e nem mesmo as renováveis são capazes de conter a projeção. Confira a entrevista a seguir a partir de 01:32:00
“Essa insegurança acontece principalmente em razão do modelo do sistema elétrico brasileiro ainda muito dependente do clima. Sessenta e cinco porcento da nossa geração de energia vem de fontes hidráulicas. São fontes que para gerar energia obviamente dependem de água e de chuva”, afirma. “Quando não chove a gente não tem água, e quando não venta a gente não consegue gerar energia eólica. Quando não faz sol, a gente não consegue gerar energia solar. Então a gente está trabalhando refém dos eventos climáticos”, complementa.
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O Monitor de Secas mostra que a falta de chuvas no Centro-Oeste agravou a seca em 2021. Os dados referem-se a maio, em parte de Goiás e Mato Grosso do Sul, pouco depois do fim do período chuvoso. A área com seca grave em território goiano cresceu passando de 29,96% para 32,81%.
De acordo com o Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas do Estado de Goiás (Cimehgo), esse avanço da seca ocorre em função de um conjunto de fatores que vem se acumulando e que em 2021, o fenômeno será ainda pior que em 2020. Pedro Rodrigues analisa que é preciso haver planejamento por parte do setor de geração de energia de modo a evitar cenários como este.
“A água tem uso múltiplo. Ela não é mais domínio do setor elétrico. Esse setor precisa se planejar com base nessa nova realidade”, afirma.
Atualmente, cerca de 65% da energia gerada no país é proveniente do sistema hidrelétrico. Antes da descoberta de fontes renováveis, esse índice chegava a 90%.