Inquérito da Polícia Civil aponta um possível esquema de favorecimento na Secretaria de Cultura de Goiânia. As investigações foram iniciadas no dia 20 de janeiro deste ano. São 27 volumes de quase 7 mil páginas. Nos trabalhos da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Administração Pública (Dercap) ficou constatado o favorecimento de cinco empresas de ex-funcionários da Secretaria Municipal de Cultura em contratos para a realização de eventos.

Duas destas empresas são do ex-procurador jurídico da secretaria, João Batista Cordeiro. De acordo com a adjunta da DERCAP, Érika Botrel, responsável outra empresa é do diretor administrativo financeiro da secretaria, Wilson Ribeiro. No entanto, ele nega que seja proprietário. A investigação aponta que a quarta empresaseria de um compadre de Wilson Ribeiro. A quinta, na verdade se trataria de uma Organização Social, mas que funciona num antigo escritório político do ex-secretário de Cultura, Kléber Adorno.

As informações da polícia são de que o esquema funcionava desde 2007 e já teria causado danos aos cofres públicos em mais de R$ 4,7 milhões.

“Até o momento nós descobrimos o fracionamento de despesas, contratações diretas, sem licitação, privilegiando empresas e pessoas ligadas à cúpula do órgão”, descreve a delegada Érika Botrel.

“O prejuízo para o artista é enorme. Ele era imposto para assinar um contrato de exclusividade e a empresa abocanhava boa parte do cachê”, relata.

Surpresos

Há casos em que ocorreu falsificação de assinaturas, em propostas de contratos. Alguns donos de empresas só ficaram sabendo, quando foram intimados pela polícia, como foi o caso do artista e dono de uma empresa Fausto Noleto.

“Fiquei surpreso ao saber que havia um orçamento grotesco no nome da minha empresa, em um valor que eu desconheço e um serviço que não foi prestado por mim. Achei de uma grosseria e erraram até o meu nome”, disse o empresário.

Crimes

Os envolvidos poderão ser indiciados pelos crimes de formação de quadrilha, crime licitatório e estelionato. A pena pode chegar a 11 anos de prisão. A Polícia investiga a realização do esquema em outras secretarias. Segundo as investigações, há indícios de irregularidades na pasta da educação, com a realização do Festcine nas escolas em 2010 e 2011, que pode ter beneficiado uma das cinco empresas citadas.

Em nota, a prefeitura de Goiânia informou que o ex-secretário municipal de Cultura, Kleber Adorno, reitera ter tomado todas as providências necessárias para colaborar com a investigação de possíveis atos ilícitos cometidos durante a sua gestão na pasta.

Ele afirma que pediu afastamento do cargo justamente para não ser acusado por qualquer ingerência junto à Comissão de Sindicância e muito menos na investigação policial. O ex-secretário irá aguardar a conclusão do inquérito policial para se pronunciar oficialmente.