Jessica Lima
Jessica Lima
Jornalista multimídia, escreve principalmente sobre temas ligados à educação e defesa dos direitos humanos.

Heba Abu Nada: mais uma vítima, menos uma voz

A poetisa Heba Abu Nada é a autora da obra Oxygen is not for the Dead (2017) e  graduada em Bioquímica pela Universidade Islâmica de Gaza. Além disso, sua obra ganhou reconhecimento em premiações com relevância para o seu ofício, como o Prêmio Sharjah de Criatividade Árabe. 

Nos seus últimos escritos, descreveu a escuridão da noite e o som dos conflitos. A escritora foi vítima de um dos bombardeios ocorridos na última sexta-feira (20), em Khan Yunis, cidade palestina situada no sul da Faixa de Gaza.

Apelo

O mundo todo volta os seus olhos para o conflito que desde a primeira semana de outubro, dizima milhares de vidas e deixa o rastro de destruição em ambos os lados envolvidos no conflito armado.

Depois de algumas semanas, como em quase todo conflito ou catástrofe com centenas ou milhares de mortes, a tendência é olharmos menos para os rostos. No meio de disputas em que tantos perguntam “de quem é a culpa?”, vozes seguem sendo minadas.

Assim, o mundo perde um rosto inocente, uma voz com direitos e, no caso de Heba Abu Nada, lá se vai um par de mãos que ainda tinham muito a escrever.

Em sua conta nas redes sociais, a poetisa palestina deixou registrado:

“A noite na cidade é escura, exceto pelo brilho dos mísseis. Silenciosa, exceto pelo som do bombardeio. Aterradora, exceto pela promessa lenitiva da oração. Tenebrosa, exceto pela luz dos mártires”.

Repercussão

O Ministério da Cultura palestino confirmou a morte de Heba, que tinha 32 anos. Em uma página, o pesquisador Abdalhadi Alijla foi um dos primeiros a prestar condolências àquela que classificou como “uma das mais talentosas poetisas e romancistas femininas de Gaza”.

Disputas

Ainda em suas últimas horas de vida, Heba Abu Nada publicou: “Se morrermos, saiba que estamos contentes e firmes, e transmita em nosso nome que somos pessoas de verdade”.

Heba não foi a primeira artista a ser silenciada. Mais de 6 mil pessoas morreram no conflito entre Israel e Hamas. Segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), são mais de 18 mil feridos.

Há dor em Israel e há dor na Faixa de Gaza. As fronteiras se tornam mais duras e mais carregadas pelo medo e insegurança. Representantes das principais nações do mundo se mobilizam, incluindo o Brasil.

Olhamos para os noticiários e, sem demora, basta um rolar de tela para que os números de feridos e mortos se atualizem. Mais um dia se passa. Parece tão longe, mas ainda assim, perto. Diante disso, quando não sabemos o que é possível fazer, podemos olhar para os rostos. Há dor em todos os lados envolvidos e nomes… perdidos entre os sons e clarões.

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