A cidade treme com a onda de violência e o fato é que não é mais apenas onda, é um oceano de delitos intermitentes. Ainda bem que as forças de segurança já descobriram a maneira correta de diminuir a criminalidade. É simples: basta maquiar as estatísticas. Começou na semana passada e passou para agora a discussão sobre se uma pessoa que morre está mesmo morta ou apenas realmente perde a vida depois que a polícia permite.

{mp3}stories/audio/2013/Maio/A_CIDADE_E_O_FATO_-_06_05{/mp3}

Traduzindo em graúdos, a Secretaria de Segurança Pública só registra um assassinato como homicídio se não houver desculpa para encobrir a falha das políticas governamentais. A molecagem se divide em três erros.

Primeiro erro: quando a polícia matar alguém, para a estatística de homicídio esse alguém não morreu. É a oficialização da piada: a polícia apenas dá os tiros, quem mata é Deus. Então, não é registrado como crime.

Segundo erro: o corpo inerte localizado por aí não é um corpo, é a sobra de comida que urubu não quis. Mesmo que haja no bolso da vítima a carteira de identidade e no peito as cicatrizes das facadas, esse alguém não morreu. Para a estatística não foi homicídio, foi “encontro de cadáver”.

Terceiro erro: se alguém é assassinado no trânsito, esse alguém não morreu, apenas deixou de dirigir carro. Não conta como homicídio para a planilha das estatísticas.

Existem acordos nacionais e internacionais de registro de homicídios, que balizam os dados de violência. Mas Goiás é diferente. Aqui, a violência é reduzida na marra, nem que para isso tenham de esfaquear o bom senso e torcer o pescoço do óbvio.