A cidade assistiu às manifestações contrárias ao aumento da tarifa do transporte coletivo e o fato é que valeu a pena. Se as pessoas tivessem aceitado bovinamente o acréscimo indevido, estariam sendo assaltadas a cada vez que rodam a catraca. Não foi a glória de um líder. Não foi o triunfo de uma autoridade. Não foi a vitória de um partido político. Quem saiu consagrada foi a multidão sem rosto, que apanhou na cara, que levou soco nas faces, que foi presa, enxotada, escorraçada, xingada.

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Diversos oportunistas tentam se aproveitar e cobram a fatura. Uns estão no Legislativo e outros querem chegar lá. Uns e outros que andam de carrão, têm até motorista, se arvoram de bonzinhos. De jeito nenhum. O coitado nessa história é o usuário de ônibus. Pagando 2 reais e 70 centavos ou 3 reais, a qualidade do transporte não mudou. O sistema continua caótico, continua torturante, continua um abuso. Esses absurdos os oportunistas de gravata não se lembram de combater.

A verdade é que manifestantes anônimos ganharam as ruas e até cometeram vandalismo como queimar pneus, depredar veículos, parar o trânsito nos lugares de maior fluxo. Com suas mochilas às costas, peitaram os gabinetes estaduais e municipais, enfrentaram as autoridades omissas, e venceram. Se alguém vai agradecer a alguma forma de poder, que seja ao Judiciário, que não se rendeu à força da grana que ergue essa coisa bela que são os currais, essa maravilha que são os ônibus lotados, essa bênção que são os abrigos, que não abrigam nada, que não existem, que são um retrato do sistema falido.

Parabéns aos estudantes, inclusive aos profissionais. Parabéns aos manifestantes, inclusive aos que se aproveitaram para sair na foto depois de virem a onça morta. E parabéns aos magistrados, que deram uma lição ao Poder Executivo, ao Legislativo e, principalmente, ao Poder Aquisitivo: ainda existe Justiça em Goiás. Deus seja louvado. Que não é apenas uma frase nas notas de real, mas um agradecimento pelas moedinhas que as empresas não vão pôr na algibeira.