A cidade recebeu a Seleção Brasileira de futebol e o fato ainda não foi devidamente explorado. Por enquanto, o que se vê é uma demonstração do nível da política goiana. A oposição só conseguiu vislumbrar a oportunidade de criticar o governo por conceder isenção fiscal para o clube anfitrião do time. O governo se resumiu a rebater com monossílabos a acusação recheada de palavrões. Os dois grupos são do tamanho do nível cultural de seus integrantes, ou seja, mais baixo que fossa marítima.

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Quando a equipe do técnico Felipão viajou de Goiânia para jogar contra o Japão, com transmissão exclusiva da Rádio 730, uma turma de crianças vestidas com uniforme do Goiás Esporte Clube conversava sobre os jogadores da seleção. Os meninos estavam orgulhosos dos inesperados vizinhos de treinos. Eles participam da escolinha de futebol do Goiás e esperavam os pais na esquina em frente ao Estádio Hailé Pinheiro. Comentavam sobre as táticas de Felipão, sobre como se comportam os jogadores. O jeito de correr, a maneira como sobem para cabecear, a marcação, enfim, o assunto era a seleção brasileira, não os bastidores de negociatas.

A oposição e o governo precisam aprender com as crianças. A meninada extraiu da seleção os exemplos. Usando o linguajar dos boleiros, os sub-15, alguns até sub-10, falavam de “personalidade”, “atitude”, o vocabulário do meio. Quem diz que os políticos se preocupam com isso? O vocabulário deles é mamata, grana fácil, quero o meu, traz o tutu, enfim, essas paradas. Para eles, o que interessa é a urna, não importa o que vão fazer até o dia da votação.

Os meninos conversavam como quem sonha. Estavam ali, na calçada do estádio, na esquina em que um lado é Parque Areião, do outro é Polícia Federal, mas a cabeça estava no alto, sonhando com o dia em que serão eles os convocados para a Copa das Confederações. Os políticos, não. A cabeça deles está nos subterrâneos, traçando alguma tramoia. Por isso, as crianças tiraram o melhor proveito da vinda da Seleção Brasileira e a classe política aproveitou apenas a oportunidade de reafirmar sua imensa burrice.

Daqui a alguns anos, aqueles meninos estarão em suas respectivas áreas de atuação, talvez até no futebol, relembrando os dias em que foram vizinhos da Seleção Brasileira. E os políticos continuarão os mesmos, pensando as mesmas bobagens, com o mesmo cérebro atrofiado pela falta de uso. Tudo isso porque as crianças só queriam da seleção as jogadas de efeito. E os políticos só querem como efeito as jogadas que rendem dinheiro.