A cidade está até calma e o fato não se repete em outras capitais. Goiânia assiste a algumas manifestações, mas nada que lembre os acontecimentos de Brasília ou São Paulo, que descambaram para a violência generalizada. Por enquanto, permanece a paz, mas bem que as autoridades tentam arrumar confusão. Aumentar a tarifa do transporte coletivo foi uma forma de convocar protestos.

Em Goiânia, ônibus é símbolo do caos, é o logotipo da tortura. Dado já é caro. Pois não tem nada de dado, nada grátis, é caro mesmo e querem cobrar de cada passageiro um litro e meio de óleo diesel. Os ônibus carregam até 300 usuários por viagem, faturamento hipotético de 855 reais. No mesmo percurso médio, como toda a extensão da Avenida Anhanguera, são gastos sete litros de combustível. Como o diesel está na faixa dos 2 reais e 30 centavos cada litro, as empresas de ônibus gastam 16 reais no trecho em que faturaram 855 reais, um lucro 53 vezes maior que o gasto. Nem o tráfico de drogas e a prostituição proporcionam um ganho tão avassalador.

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Claro que empresa de ônibus não gasta apenas com o combustível, mas o diesel é a desculpa mais frequente. Não existe desculpa alguma é para aumentar preço numa época dessas. As autoridades estão brincando com fogo. Literalmente. A paz insiste em reinar por aqui e os integrantes da câmara de transporte coletivo caem na bobagem de dar mais 15 centavos para as empresas. Não se discute aqui a legalidade ou a necessidade do reajuste, apesar de a Justiça já ter reduzido o valor de 3 reais para 2 reais e 70 centavos. Como a burrice é a única coisa no mundo que não encontra limites, as antas de terno deliberaram pelo aumento.

Resta torcer para que os protestos sejam pacíficos, mas os integrantes da câmara deliberativa do transporte coletivo perderam uma grande oportunidade de mostrar bom senso. Os 15 centavos além dos 2 e 70 não conseguem cobrir a despesa com um ônibus depredado pelos vândalos. Um dono de empresa de transporte disse ao jornal A Rede que quase ninguém do ramo faz seguro. Então, o prejuízo é total em casos de incêndio ou outro ato criminoso.

Vamos torcer para nada sair errado. Aliás, já saiu errado, com o aumento vetado na Justiça e odiado pelo usuário. Na falta de algo razoável, é o que nos resta, torcer.