A cidade assiste a uma onda rara de manifestações e o fato não começou com a série de passeatas contra os políticos. As grandes reuniões em praça pública são acerca de corrupção, saúde, educação e tranquilidade. E a primeira, a corrupção, é quem rouba os recursos das outras três. Mas corrupção não surge apenas quando alguém dá dinheiro para uma comissão de licitação ou para liberar uma licença. Corrupção também é criar excesso de cargos, um erro que acontece em todos os poderes, em todos os níveis.

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A presidente Dilma Rousseff tem 39 ministérios, o governador Marconi Perillo tem 55 secretários e as prefeituras também incham o primeiro escalão. A presidente acaba de criar o Ministério da Microempresa e o governador acaba de criar a Secretaria de Justiça. Não consultaram ninguém, não calcularam o impacto na folha de pagamento nem nos demais gastos, apenas quiseram amparar apaniguados e criaram mais cargos. No caso federal, não tem jeito, já foi nomeado o vice-governador de São Paulo, que acumula o cargo com o ministério. Mas no caso estadual ainda é possível resolver.

Marconi Perillo pode desistir de dar mais essa chance ao atraso. Marconi precisa cumprir o compromisso com os profissionais da Educação, precisa pagar a data-base sem parcelamento, precisa cumprir as promessas de campanha. E uma maneira de equacionar é demitindo os aspones, acabando com os cargos inúteis e esquecendo as novidades ruins, como essa da Secretaria de Justiça. Em vez de inventar mais uma Pasta, Marconi deveria investir nas forças de segurança. No lugar de gastos com burocracia, injetar verba em inteligência policial, em equipamentos, em salários decentes. Comprar viaturas, fazer IMLs, unificar as polícias. Para isso é preciso ter coragem. Marconi é tido como corajoso. Mas ser corajoso não é arrotar grosso, gritar com os subordinados. Coragem se demonstra reconhecendo o erro. E criar secretaria é um erro monumental. Ainda está em tempo de corrigir. É preciso saber se Marconi tem mesmo coragem para reconhecer quando está errado. É essa coragem que o povo faz manifestações para exigir dos políticos.