O Palácio das Esmeraldas é sócio da Petrobrás, mas gastou com a frota veicular da administração direta, autárquica e fundacional, nos últimos 18 meses, o equivalente a um viaduto, que está sendo construído na saída de Goiânia-Trindade, e um Laboratório de Capacitação e Pesquisa do Centro de Excelência. Em termos numéricos, são cerca de R$ 18,3 milhões que deixaram de ser economizados, num panorama de gastos da ordem de R$ 45,6 milhões.
O cenário poderia ser revertido. Bastava à administração pública goiana realizar a conversão para GNV (gás natural veicular) em seus oito mil veículos, próprios, locados e cedidos (comodato, cessão de uso e cautelado). Todavia, a voz reinante na Superintendência de Suprimentos e Logística da Secretaria de Gestão e Planejamento (SSL/Segplan) é que não há, ainda, confiabilidade nesta nova opção energética.
O governo teme com uma possível descontinuidade em algum momento, como já ocorreu com outros programas governamentais, como o Programa Nacional do Álcool (Pró-Alcool). Este programa substituiu, em larga escala, os combustíveis veiculares derivados de petróleo por álcool, financiado pelo governo do Brasil, a partir de 1975 devido a crise do petróleo, em 1973, e mais agravante após a crise de 1979.
O interessante neste contexto é que o governo de Goiás é sócio controlador (ações preferenciais – ler quadro) da Goiasgas, uma empresa de economia mista e que conta com dois grandes sócios – Petrobras e Termogas – e cinco parceiros minoritários – EMSA, Gás Construtora, GAE, Sobrado e Goiarte. Sem contar que, no ano passado, por três meses, entre junho e setembro, um veículo da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) foi convertido e testado. Os resultados foram surpreendentes. Em relação ao álcool, ocorreu uma economia de 37%. A comparação com a gasolina revelou uma contenção ade 44%.
Josumar do Amaral, diretor técnico comercial da Goiásgás, garante que não há risco de faltar GNV. De acordo com ele, que é funcionário de carreira da Petrobras, o gás natural para a Planta de Liquefação, em Paulínia (SP), é fornecido pela Petrobras e representa menos de 1% do gás natural consumido no Brasil. Atualmente, Goiás, por não ter um gasoduto, é abastecido por meio das carretas da GásLocal, que transportam o GNL (gás natural liquefeito) desde a planta de Paulínia até os dois postos de combustível em Goiânia – Santa Luzia (entrada do Setor Jaó) e Cadillac (Aparecida de Goiânia).
Este mercado, de acordo com Amaral, pode ser ampliado. E estudos econômicos justificam o entusiasmo. Goiás tem demanda e potencial significativo, principalmente pela presença de indústrias dos setores minerais, fertilizantes, farmacêutico e de alimentos. Uma pesquisa indicou que estes setores não consomem outros energéticos em função deles não estarem disponíveis em Goiás.
Amaral prospecta a conquista dos olhares das indústrias, principalmente nos distritos industriais de Anápolis e Catalão, que receberiam GNL e abririam caminho para a implantação de um futuro gasoduto.
Atualmente, a Goiasgas está desenvolvendo um projeto com as cooperativas de taxis, trata-se do Programa GNV com voucher. Pelo projeto, os taxistas poderão utilizar os vouchers das corridas realizadas para abastecimento com GNV. Com isso, eles anteciparão, em até 45 dias, o recebimento destas corridas.
Gasoduto
Essencialmente, a Goiasgas trabalha com a possibilidade da chegada do gasoduto em Uberaba, no Triângulo Mineiro. O problema é que há um imbróglio, envolvendo o fornecimento de gás natural para a planta de amônia da Petrobras em solo mineiro. A confusão é resultado de uma divergência entre a nomenclatura utilizada pelos empreendedores para o gasoduto e a aceita pela ANP. Para os investidores, o duto seria de distribuições, porém, como o ramal atravessa dois estados (SP e MG), a agência considera o gasoduto como de transporte.
Diante disso, o ANP aponta o gasoduto do Brasil Central, da Transportadora de Gás Brasil Central (TGBC), como alternativa ao projeto original. Inicialmente, estava previsto a construção de um ramal do Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), entre Ribeirão Preto (SP) e Uberaba, através de uma parceria entre a Petrobras e a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).
Diante da dificuldade poderá entrar em cena a TGBC, com sede em Salvador (BA). De acordo com a agência governamental, se encontra em fase final de análise o edital de chamada pública para contratação de capacidade do Gasoduto Brasil Central, cujo projeto possui previsão de entrega em Uberaba, além de outros municípios nos estados de Minas Gerais, Goiás e no Distrito Federal.
A chegada do gasoduto em Uberaba consolidará uma fabrica de fertilizante, com investimentos estimados em R$ 1,3 bilhão. A planta deverá produzir 519 mil toneladas de amônia por mês, em uma área de mais de 1 milhão de metros quadrados, do Distrito Industrial III, de Uberaba. Quando ficar pronta, a planta irá funcionar em regime de 24 horas para a produção do insumo de fertilizantes.