Na tarde desta quinta-feira (17), o torcedor esmeraldino que estava ligado na Rádio 730 acompanhando o programa Debates Esportivos, sob comando de Rafael Bessa, acompanhado dos comentaristas Leds Gonçalves, Marcelo Borges e Nilton César, ficou por dentro de cada detalhe dos bastidores do Goiás. Isso, porque o presidente do Verdão, Sérgio Rassi, concedeu entrevista por quase duas horas no programa e expôs tudo o que acontece atualmente no Verdão.
Direto do Rio de Janeiro, onde participou das eleições para eleger o novo presidente da CBF, Sérgio Rassi debateu sobre os recentes fracassos do seu time (perda do título goiano e eliminação mais que precoce na Copa do Brasil) e esclareceu detalhadamente os problemas financeiros e internos que o clube vive na conturbada temporada de 2014. Assim, exibiremos as principais declarações do mandatário na entrevista exclusiva, divididas em duas reportagens. Na primeira, você confere a prestação de contas feitas pelo presidente.
Criticado pela falta de investimentos na atual temporada, Sérgio Rassi fez questão de expor o balancete financeiro do time para justificar a cautela na hora dos gastos:
“A situação é a seguinte: Recebemos um total de 37 milhões da Rede Globo, porém, só está disponível 17. Cinco milhões foram antecipados em 4 anos e outros 12 já usados pela gestão anterior e ainda há desconto dos impostos. Esse valor (17 milhões) é parcelado mensalmente. Considerando as demais fontes de renda, totalizamos uma arrecadação de 2,2 milhões ao mês. As despesas totais, somando a folha de jogadores (1,5 milhão), pagamentos de funcionários e fornecedores e dívidas com a receita e trabalhistas, chegam a 2,8 milhões. Ou seja, temos um déficit mensal de 600 mil reais”.
Por isso, o presidente disse as possibilidades de contratação ficaram bastante restritas e rechaça a hipótese de fazer gastos a mais, mesmo com chances de um possível rebaixamento do time para a Série B:
“Vivo escutando que eu devia contratar jogador com 3 dígitos de salário, mas não tenho condição de contratar nem com um. Todos têm que tomar ciência disso, o patrimônio do clube é muito grande, estamos envolvidos com pessoas sérias, não dá para sair fazendo loucuras. Esse momento vai passar, mas para isso precisamos de tempo e paciência, além de total dedicação. Não nego que temo pelo futuro do Goiás no Brasileirão, sabemos que precisaríamos desses reforços. Mas, em contrapartida, não atrasamos salário de nenhum jogador, pelo contrário, pagamos adiantado para podermos cobrar deles”.
Os graves problemas financeiros, de acordo com Sérgio Rassi, se deve a gastos excessivos em quase todos os setores do clube. Dentro disso, o presidente garantiu que trabalha para sanar esses problemas:
“Acredito que tudo na vida tem que ser passado a limpo. Se tem algo sujo, deve ser limpado. E é isso que estamos fazendo no Goiás, não só eu, como toda esse diretoria de agora. Existem algumas incongruências em vários setores do clube que estão nos consumindo. Por exemplo, o não recolhimento de impostos, ou a dívida com o Leão, que nós repassamos a ele todo mês 50 mil reais em inúmeras parcelas. Ex-jogadores que eram ídolos do Goiás e que nos acionaram na justiça, levando 10 ou 15 mil por mês”.
Ele ainda revelou a existência de funcionários fantasmas no clube, que comprometiam a renda esmeraldina e prejudicavam ainda mais a saúde financeira do Goiás:
“Existiam até funcionários fantasmas, mesmo que não fossem muitos, cerca de 3 a 5% do contingente. Alguns foram detectados no início da minha gestão já foram demitidos. Aqueles que são pouco operantes também já estão em processo de demissão, essa história de ir ao clube para bater ponto e ir embora não existe mais. A eliminação desses funcionários é um trabalho que vem sendo feito de forma gradual, até porque não podemos fazer rescisão com todos eles”.
Na tentativa de sanar as disparidades financeiras, Sérgio Rassi aposta no aumento da renda do clube, mas revela que não pretende fazer adiantamentos de verba, como já foram feitos inúmeras vezes em gestões passadas:
“A saída para colocar fim a essa situação é aumentar a nossa renda. Mas não queria fazer o que já foi feito, a antecipação de orçamento. Na Rede Globo nós nem podemos mais fazer isso, já estamos estourados em 140% do nosso crédito com a Globo. Quando assumi, falei que esses dois próximos anos seriam muito difíceis, porque já tínhamos rendas antecipadas. Avisei 2014 e 2015 seriam um dos anos mais baixos de renda para o Goiás, algo próximo do que em 2011, quando o Hailé pegou o clube”.