O Programa Nosso Melhor desta semana abordou um tema sensível a boa parte da população, que é a relação entre a pandemia, o isolamento social e o consumo de álcool. Cidades como Uberlândia e Guanhães, ambas no estado de Minas Gerais, decretaram uma verdadeira Lei Seca e proibiram a venda de bebidas alcóolicas como uma tentativa de conter aglomerações e diminuir o contágio do vírus. Em Uberlândia, a taxa caiu de 1,23 para 1,04 nas duas primeiras semanas da Lei Seca, somada a outras medidas de isolamento.

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Para falar sobre isso e outros assuntos, convidei a Dra. Dagmar Ramos para uma conversa. Ela é médica Homeopata, Psiquiatra e especialista em Medicina Preventiva e Social. Também convidei o procurador-geral do município de Aparecida de Goiânia, Fábio Camargo, que tem atuado na linha de frente da construção de políticas públicas de combate à Covid-19 na cidade.

A Dra. Dagmar avalia que a instituição de uma Lei Seca total não substitui a necessidade de um lockdown. Na sua avaliação, infelizmente, as medidas restritivas não obtêm amparo em boa parte da população, e nem o lockdown, nem a Lei Seca, surtiriam todo seu efeito potencial. A psiquiatra destaca um descontrole que surge com esta crise sanitária que o Brasil enfrenta, um aumento dos quadros de ansiedade e depressão que contribui para o abuso de álcool. Entretanto, mesmo para aqueles que não são dependentes, mas consomem álcool em excesso, este consumo é um complicador para o respeito às normas de segurança contra a Covid-19.

Ainda conforme a psiquiatra e médica homeopata, o álcool age no bom senso das pessoas, por se tratar de uma substância psicoativa que altera vários sentidos. “Basta ver os acidentes de trânsito e o comportamento das pessoas nos bares em relação às medidas de proteção contra a Covid-19”

Procurador-geral de Aparecida de Goiânia, Fábio Camargo explica que o modelo adotado no município, de revezamento da abertura do comércio em algumas regiões da cidade, foi inspirado em Israel e vem sendo adotado desde a primeira onda da pandemia, no ano passado. O procurador defende o modelo, e diz que a estratégia vem acompanhada de uma testagem intensiva da população (são mais de 230 mil habitantes testados) e acompanhamento dos casos positivos por meio de telemedicina, entre outras ações. Atualmente, 33% da população está isolada nas regiões da cidade que, por sua, vez estão fechadas neste escalonamento. “Temos que fazer de uma forma que tenha a adesão da população”, resume.

A verdade é que, sem apoio da população, nenhuma medida surtirá o efeito desejado. Enquanto cabe a cada um de nós protegermo-nos e também aos outros, cabe ao Poder Público buscar formas que aumentem a proteção do seu povo e minimizem seus efeitos colaterais. Continuamos no debate, ouvindo e propondo iniciativas, buscando sempre o nosso melhor.

P.S.: o quadro Faz Parte do Cenário é uma campanha do município de Campina Grande, na Paraíba, que chama à atenção para a necessidade de tomarmos medidas certas para proteger quem amamos, vale a pena assistir.

Temas Abordados:

Quadro Faz Parte do Cenário – FPC: Faça a escolha certa

– Qual é o maior problema na relação entre isolamento e consumo de álcool?

– O lockdown escalonado de Aparecida de Goiânia funciona?

– O modelo de Aparecida tem recebido apoio da população

– O desafio prático de manter o isolamento e garantir a renda da população