SÃO PAULO (Reuters) – O desfalque de Neymar é uma grande perda para o Brasil na Copa do Mundo, mas companheiros e ex-jogadores da Seleção acreditam que o time pode se unir e se inspirar na equipe campeã de 1962 para, ainda assim, tentar conquistar o hexacampeonato.
“Fica difícil para nós sem o nosso cara diferenciado, que hoje não jogou tanto assim, mas segura uns três ou quatro jogadores adversários”, disse à Reuters o ex-lateral Branco, campeão mundial em 1994.
Neymar, grande esperança do Brasil para a conquista do título mundial em casa, está fora da Copa depois de levar uma joelhada nas costas do colombiano Zuñiga durante a vitória do Brasil por 2 x 1 sobre a Colômbia, pelas quartas de final do Mundial, nesta sexta-feira. O atacante, artilheiro do Brasil no torneio com quatro gols, sofreu fratura numa vértebra e o tempo de recuperação é de semanas, o que o tira da semifinal contra a Alemanha e de uma possível final da competição. Seus companheiros de seleção mostraram abatimento com a notícia.
“Tudo que ele sonhou em representar nosso país, ele é um ídolo para o Brasil todo, então a tristeza é pela pessoa, por tudo que ele está sentindo”, disse o zagueiro David Luiz.
Para o goleiro Julio Cesar, “a tristeza é enorme, e é até difícil falar, porque é um garoto espetacular”.
Alguns atletas manifestaram o desejo de conquistar o título para dedicá-lo a Neymar.
“O Neymar é um cara que trabalhou tanto para estar com a gente. A gente vê a dedicação desse moleque no dia a dia e a importância que ele tem para a gente. Lógico que agora nós vamos olhar para o nosso grupo, que tem muita qualidade”, afirmou o atacante Fred, que prometeu “dar a vida para conquistar o título”.
SUBSTITUIÇÃO E INSPIRAÇÃO
Bom driblador e eficiente nas finalizações, Neymar não tem um substituto à altura na seleção, que tem algumas opções mais ofensivas, como Bernard e Willian, ou o técnico Luiz Felipe Scolari pode escalar um meio-campista, numa alternativa mais conservadora.
“Tem que entrar Bernard ou Willian. Não será igual, mas tenho certeza que o time vai jogar por ele. Teremos que repetir 1962, quando perdemos Pelé e ganhamos a Copa. Só não temos um Garrincha”, declarou o ex-jogador Branco.
Na Copa de 1962, Pelé, o grande nome da equipe, se machucou no segundo jogo e coube a Garrincha liderar o time rumo ao segundo título mundial. O time de 2014, que tenta o inédito título mundial em casa, busca forças no grupo para ver outro final feliz.
“É nessas horas que o grupo mostra a sua força. O Neymar é um cara muito importante para o nosso grupo, a gente depende muito dele, mas quando você tem um coletivo forte, o individual faz a diferença, que é o caso do Neymar. Mas de repente esse momento pode marcar uma revolução nossa: ‘vamos ganhar a Copa pelo Neymar, já que ele esperou tanto por esse momento?’ De repente isso pode unir ainda mais o grupo.”, disse o zagueiro Thiago Silva.
O ex-zagueiro Ricardo Rocha, que estava machucado na Copa de 1994 e permaneceu no grupo, sendo um dos líderes do time que levou o título nos Estados Unidos, concorda com o capitão brasileiro.
“A vaca ainda não foi para o brejo. Nosso grau de dificuldade aumenta demais nessa trajetória rumo ao hexa. É hora de aparecer a força do grupo e vamos precisar cada vez mais da nossa torcida, que tem que ser o nosso novo camisa 10”, declarou.