84% dos jovens brasileiros não praticam uma hora diária de exercícios (Foto: Agência Brasil)

Adolescentes praticam atividade física insuficiente para a saúde. A afirmação é de um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), que mostra que 81% dos adolescentes escolarizados do mundo inteiro, não cumpriram a recomendação de uma hora diária de atividades físicas, em 2016. O estudo publicado pela revista The Lancet Child & Adolescent Health, foi realizado com dados recolhidos em 146 países, entre 2001 e 2016. O resultado da pesquisa mostra que quatro em cada cinco adolescentes no mundo são sedentários. 

Os números do Brasil são ainda piores, já que 84% de jovens brasileiros entre 11 e 17 anos não cumpriram o tempo recomendado pela OMS. Para reverter a situação, a autora do estudo, Dra. Regina Guthold, disse que “é necessário adotar medidas regulatórias urgentes para aumentar a atividade física” e a co-autora da pesquisa, Fiona Bull, argumentou que “os formuladores de políticas precisam agir agora pela saúde desta e das futuras gerações jovens”. 

A gerente de desporto da Secretaria de Estado da Educação de Goiás, Patrícia Pereira da Silva, disse que o Governo de Goiás já se preocupava com esse aspecto da vida dos estudantes antes da OMS divulgar a pesquisa. “Para somar com as aulas de educação física nós temos o programa Desporto Educa, que são aulas de treinamento desportivo que acontecem em outro turno, onde o professor define juntamente com o conselho da escola qual modalidade que deve ser atendida. E alí, não se trata apenas do treinamento, tem todo um acompanhamento da saúde, da melhora das condições cardiovascular, óssea”, pontuou.

Patrícia também falou sobre os Jogos Estudantis de Goiás, um projeto realizado em todo o Estado. Os jogos começam com uma etapa municipal, depois segue para intermunicipal, regional, estadual e termina nos Jogos Escolares da Juventude, evento realizado pelo Comitê Olímpico Brasileiro. “É um projeto muito grande e atende os 246 municípios e no ano passado foram atendidos em média 35 mil alunos”, disse.

O Governo de Goiás tem ainda o projeto Ser e Vencer, voltado para a saúde os estudantes, é realizado em parceria com universidades do Estado. “A gente buscou parceria com algumas universidades e os alunos que participam do projeto são acompanhados por médico, nutricionista, dentista para está vendo a questão de pressão, diabetes, essas doenças que podem tá afetando mais essa faixa etária, principalmente em relação a obesidade”, conclui.

Revolução digital é um dos principais problemas

Na Assembleia Mundial da Saúde em 2018, foi acordada entre os países a meta global de reduzir a atividade física insuficiente em 15%, o que representa menos de 70% até 2030. Os dados recolhidos pela OMS entre 2001 e 2016, mostram que a situação dos meninos melhorou, uma queda de 80% para 78%. Mas nestes 15 anos as meninas não avançaram e os dados continuam em torno de 85%.

A Organização Pan-Americana de Saúde observa que se continuar assim, a meta de menos 15% não será alcançada. E pode ficar cada vez mais difícil superar o problema, já que a OMS aponta que uma das causas dessa tendência é a “revolução digital”. O educador físico da Academia Meta, Wederson Alexandre e Silva, concorda com a Organização e alerta para o surgimento de doenças graves cada vez mais cedo.

“Com a tecnologia, celulares, computadores, jogos, redes sociais, os jovens perderam o interesse por atividade física e passaram a ter doenças mais novos, no caso colesterol, triglicerídeos, diabetes, os índices aumentaram muito. E os adolescentes não estão ligando e acabam deixando atividade física de lado”.

O educador físico recomenda que os adolescentes pratiquem lutas, futebol, crossfit, musculação para ganhar massa muscular e funcionais, que são atividades coletivas e envolve o grupo, e que também podem ser uma maneira dos jovens construir uma vida social. Dentre outros benefícios para a saúde, a OMS também destaca efeitos positivos no peso, na saúde óssea e muscular. Segundo a Organização, os dados atualmente disponíveis indicam que muitos desses benefícios permanecem até a idade adulta.

Wederson destaca as vantagens de prevenir colesterol, diabetes, melhorar o condicionamento físico, e não ficar sedentário e nos dá uma comparação que serve de exemplo. “Eu tenho um aluno de 93 anos que fez atividade física a vida toda, hoje ele parece um senhor de 70 e poucos anos, ele é lúcido ainda, não tem dificuldade para levantar, não tem dificuldade pra nada. E eu tenho uma senhora de 80 anos, que nunca fez atividade física e ela tem dificuldade de andar, não anda direito, precisa se apoiar nas coisas e tem alguém para levar ela na academia. Ela vai melhorando, só que como ela tem idade avançada a melhoria dela é aos pouquinhos”.

O profissional formado em Educação Física é que indica a atividade física ideal para cada pessoa. Wederson ressalta que é importante procurar antes um profissional capacitado na área e alerta que começar sozinho pode prejudicar a saúde física. “O que pode ser bom para uma pessoa pode não ser o ideal para outra”, explica.

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“Esta é uma produção originada da Oficina de Áudio, realizada pela Escola Sagres e ministrada pelo musicista Beto Strada, a equipe do Sistema Sagres de Comunicação”.

*Rauane Rocha é estagiária do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com o IPHAC e a Universidade Federal de Goiás (UFG) sob supervisão do jornalista Vinicius Tondolo.