A Taça Goiás de Futebol Infantil, mais conhecida como Tacinha, está sendo realizada pela Cufa Goiás em parceria com a Federação Goiana de Futebol Sete, em Goiânia. Então, a competição esportiva começou com 92 equipes, das quais 28 vieram de cidades localizadas fora da região metropolitana, como o entorno do DF e de localidades mais distantes. É o caso da equipe quilombola da Comunidade de Diadema, de Teresina de Goiás, a 600 km da capital.

Coordenador do time quilombola, Esmaide Soares afirmou que já esperava que a distância fosse um desafio para a equipe. No entanto, ele ressaltou a importância das crianças terem saído da comunidade para disputar a competição esportiva em Goiânia.   

“O maior desafio foi a viagem longa que a gente sabia que iria enfrentar. Os nossos meninos nunca participaram de uma competição, é a primeira vez. E é uma competição maravilhosa, uma oportunidade para todos os jovens, uma oportunidade de tirar os meninos da rua, com mais educação e colocando eles numa sociedade melhor. Então a Cufa está de parabéns por esse evento”, disse.

Oportunidade no futebol

Edna é jogadora e tem 11 anos e júnior, treinador do time (Foto: Cufa Goiás)

A Tacinha é uma competição mista, voltada para crianças e adolescentes de 10 a 15 anos de idade, divididos em times de três categorias: sub-11, sub-13 e sub-15. Desta forma, meninos e meninas podem jogar juntos no mesmo time em todas as categorias.

Esmaide contou que o time da Comunidade de Diadema trouxe equipes para todas as categorias. “Trouxemos meninos e uma garotinha na categoria sub-11, na categoria sub-13 trouxemos duas e na categoria sub-15 trouxemos cinco garotas”, disse.

A garota da comunidade escolhida para o time sub-11 é a Edna. Assim, aos 11 anos, a menina disse estar feliz com a oportunidade de viajar para Goiânia e disputar a competição junto com os meninos. “Meu sonho em ser jogadora de futebol”, contou.  

Maike Eduardo também foi selecionado para integrar uma das equipes da Comunidade de Diadema. O garoto também expressou o sonho de se tornar jogador profissional de futebol e falou sobre a oportunidade de disputar a Tacinha. “É muito bom. Eu vou agarrar a oportunidade”, destacou.

Dificuldades

Edna e Maike Eduardo foram selecionados para a Tacinha entre muitas crianças e adolescentes da Comunidade de Diadema. Morador do quilombo, Júnior é um dos responsáveis pelo treinamento das crianças e destacou que as elas superam muitas dificuldades pelo sonho de seguir no futebol.

“Os campos são longe. A garotada vai sempre animada, um vai de bicicleta, o outro vai a pé, e é aquele rolo danado. Mas eles vão em busca da felicidade. Então a dificuldade é muito grande porque os campos são longe e não são bons para que eles possam fazer um treino correto”, disse.

Campo na Comunidade de Diadema, Teresina de Goiás (Foto: Cufa Goiás)

Apesar das dificuldades, Júnior mantém o otimismo para o futuro e tem para si o lema de incentivar os jovens da comunidades a buscarem seus sonhos no futebol. Então, o treinador destacou que a Tacinha é uma oportunidade que ele gostaria de ter recebido na infância. 

“Essa é uma oportunidade muito grande para os garotos, é uma oportunidade que eu não tive e queria ter tido. A minha vontade hoje em dia é incentivar os meninos, o meu lema é incentivar os meninos a buscarem o futebol deles. Eles têm força de vontade, tem garra e é o sonho deles. Então a gente busca incentivar esse objetivo e essa Tacinha é muito importante para eles, é um caminho para o futuro”, pontuou.

Falta de documentos

Nem todas as crianças da Comunidade de Diadema que foram selecionadas puderam ter a experiência de participar de uma competição deste tamanho na edição da Tacinha deste ano. Mas o motivo é que o regulamento da Taça Goiás de Futebol Infantil exige que os participantes apresentem a identidade para se inscrever no evento e algumas crianças não possuem o documento.

“Aqui na comunidade ficaram de cinco a seis jogadores que foram selecionados, mas não vão disputar a Tacinha por falta da identidade que não tem”, lamentou Júnior.

Inclusão e vitrine

A Tacinha é considerada a maior competição esportiva do Brasil na categoria infanto-juvenil disputada entre comunidades. Então, para o presidente da Cufa Goiás, Breno Cardoso, a competição é também uma oportunidade de integração social.

“É uma maravilha juntar as comunidades e gerar integração social entre elas, isso é inclusão acima de tudo. E oportunizar para que eles possam participar de uma grande competição, a maior do Brasil entre comunidades nessas categorias menores de maneira gratuita”, disse.

Breno Cardoso também ressaltou a importância de uma competição esportiva do tamanho da Tacinha para que jovens talentos das regiões periféricas do estado de Goiás mostre seu futebol.

“Temos aqui equipes dos quatro cantos do estado, de várias periferias e comunidades da região metropolitana. O nosso objetivo é que eles sejam vistos, porque sabemos que é desses lugares que surgem os grandes talentos. Mas também queremos que eles consigam viver uma experiência semelhante ao futebol profissional”, destacou.

Observadores de talentos

Mais de 100 jogos foram realizados desde o início da Tacinha, a competição acontece desde o dia 17 e segue até 22 de fevereiro. Assim, Breno Cardoso disse que a competição está sendo acompanhada de perto por observadores de importantes clubes do estado.

“Os cinco maiores clubes de Goiás, os quatro da capital, mas a Aparecidense estão participando aqui. Estão olhando todos os meninos que estão jogando e com certeza a gente vai ver no futuro grandes talentos que saíram da Tacinha”, contou.

Um desses olheiros é Bernardo Araújo, observador do Goiás Esporte Clube. Ele então afirmou que a Tacinha é uma competição “interessante e muito importante”, pois é uma campeonato que agrega meninos que têm poucas oportunidades nos grandes clubes. “Aqui a gente pode observar com mais qualidade e com mais atenção. O Goiás é um time que sempre faz esse trabalho de base voltado para as comunidades”, disse.

Bernardo elogiou a organização da Tacinha, afirmou que gosta de selecionar talentos e estar em eventos como a competição. “É uma alegria dar uma oportunidade a um garoto e a sua família. São sonhos realizados dentro daquilo que ele mais quer que é o futebol e hoje 100% dos garotos sonham com o futebol. Eu só tenho que agradecer a oportunidade que estão dando ao Goiás Esporte Clube, a gente já é grande no município, mas também precisa estar junto para poder observar e ver mais de perto”, celebrou.

Foto: Cufa Goiás

Mais jogos para assistir

A competição está dentro da faixa de idade que Bernardo considera boa para selecionar futuros jogadores. Mas, dentre as categorias sub-11, sub-13 e sub-15, o representante do Goiás sabe bem o que foi observar.

“Eu olho as quatro categorias com muito carinho, o Goiás observa todas com muita atenção, mas a sub-11 e a  sub-12 são as duas categorias importantes para a gente pegar e trabalhar o jogador mais aprofundado e mais perto da gente”, disse.

Os jogos das fases de mata-mata até a semifinal da Tacinha seguem acontecendo entre esta terça-feira (21) e a quarta-feira (22), na Arena Tacinha, que fica no Centro Esportivo João Rosa, no Residencial Sonho Dourado, em Goiânia.

No entanto, as decisões por categoria serão realizadas no início do mês de março, no Sesi Multiparque, no Setor Santa Genoveva.

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