A alimentação nas escolas da rede pública estadual em Goiás segue o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). O respeito à cultura de cada região e a elaboração de um cardápio específico para cada uma está entre as diretrizes do programa. 

É o que explica em entrevista à Sagres o nutricionista da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) e um dos responsáveis da equipe de Nutrição do PNAE em Goiás, Lorran Abrantes. 

“Cada região tem o seu hábito alimentar diferente, por isso há justamente essa diferenciação. Cada escola tem a liberdade de sugerir preparações, de elaborar seus cardápios, passando pela nossa aprovação”, afirma. 

Na região de Minaçu, por exemplo, no Norte do Estado, há produção de peixes e o hábito maior do consumo desta proteína. Desse modo, segundo a Seduc, há uma aceitação maior desse tipo de carne em relação a outras regionais. “Uma refeição muito bem aceita aqui em Goiânia, por exemplo, é o arroz com carne. Em outra região, porém, pode não ser”, argumenta.

Variedade

Outras preferências regionais na alimentação também acontecem. Um outro exemplo, conforme a Seduc, é a maior presença de cuscuz em cardápios de escolas na região do Entorno do Distrito Federal. No Norte goiano, entretanto, há tapioca em escolas indígenas, quilombolas e em também no Entorno do DF.

Foto: Seduc

Em Colinas do Sul, por exemplo, no almoço são servidos, geralmente, arroz, feijão, filé de tilápia ao molho e salada de tomate com repolho e alface. Em Valparaíso de Goiás, cuscuz e suco de goiaba estão entre as opções de lanche pela manhã.

No Centro de Ensino em Período Integral (CEPI) Lyceu de Goiânia, a alimentação dos alunos inclui arroz com carne suína, quibebe com carne bovina, salpicão e frango assado. Estas estão entre as opções de carne servidas no almoço, porém, em dias diferentes.

Escolas regulares e de tempo integral

Escolas regulares, em que os estudantes passam apenas um período do dia, servem uma refeição, que é a hora do lanche. Unidades de tempo integral oferecem três refeições para atender 70% das necessidades nutricionais dos alunos. No entanto, regiões em que o aluno demora mais tempo no deslocamento de casa para as aulas, como na zona rural, recebem uma complementação na alimentação.

“O Estado de Goiás oferece uma refeição a mais nas escolas onde há uma comunidade mais carente, em que os alunos estão mais vulneráveis. Então o Estado de Goiás faz uma complementação, em que além do lanche normal, ele recebe ainda um café da manhã. Há locais em que o aluno demora 2, 3 ou até 4 horas para chegar na escola”, afirma Lorran.

O cardápio, no entanto, deve seguir a resolução nº 6 do PNAE, “tendo como base a utilização de alimentos in natura ou minimamente processados, de modo a respeitar as necessidades nutricionais, os hábitos alimentares, a cultura alimentar da localidade e pautar-se na sustentabilidade, sazonalidade e diversificação agrícola da região e na promoção da alimentação adequada e saudável”.

Conferir se o cardápio está de acordo com o que preconiza uma alimentação saudável está entre as atribuições da equipe de RT (responsáveis técnicos) em nutrição da Seduc. 

“A gente vai conferir a questão dos macronutrientes, micronutrientes, ver se o cardápio está ou não balanceado, se está ou não seguindo a resolução. Cada escola fazer o seu cardápio valoriza o hábito alimentar”, afirma.

Alimentação saudável

O Conselho de Alimentação Escolar (CAE) faz a inspeção do programa. A preocupação com a saúde alimentar dos estudantes não se resume apenas ao momento da refeição. De acordo com Lorran Abrantes, os professores também abordam dentro de sala de aula a importância de uma alimentação saudável.

“Todas as unidades escolares, tanto estadual, municipal, federal, têm isso inserido em seu currículo. Para que a alimentação escolar não seja apenas a comida, mas que ela seja também parte do convívio acadêmico. Os professores de matemática, língua portuguesa e biologia, por exemplo, podem usar esse tema para gerar essa conscientização da importância de uma alimentação saudável para os alunos”, afirma Lorran.

Custeio

O governo estadual complementa a verba federal do PNAE com recursos do Fundo de Proteção Social do Estado de Goiás (Protege Goiás). O fundo, instituído pela Lei estadual 14.469, de 16 de julho de 2003, tem objetivo de combater a fome e a pobreza por meio de ações de nutrição, educação, saúde, habitação, reforço da renda familiar e outros programas de interesse social.

O Protege Goiás possui a coordenação de um Conselho Diretor, formado pelos titulares da Seduc, Secretaria da Economia, Secretaria Estadual da Saúde (SES-GO), Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Seds) e Secretaria de Segurança Pública.

Além disso, fazem parte também do conselho o presidente do Grupo Técnico Social de Goiás, um representante da sociedade civil organizada e um do setor empresarial. 

Confira a seguir os recursos repassados pelo poder público às escolas para a alimentação escolar, por estudante e por modalidade de ensino:

Fonte: Seduc

Sustentabilidade

Segundo Abrantes, a participação de toda a comunidade, desde a agricultura familiar à economia local, contribuem ára a alimentação na hora de elaborar um cardápio escolar sustentável.

“Há a participação de toda comunidade escolar e todos os parceiros que também circundam a escola. Há uma obrigatoriedade de fazer aquisição de produtos oriundos da agricultura familiar para movimentar a economia local e agricultores de cada localidade. É um programa sustentável porque envolve todas as parcelas da sociedade”, conclui.

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