Estudar não é algo somente para jovens. Há muitos adultos que não tiveram a chance de concluir o ensino fundamental, médio ou passar pelo mundo universitário e conquistar o tão desejado diploma de graduação. A Arena Repense desta quinta-feira (17), teve como destaque o estudo em todas as fases da vida.

Elieth Francisco Ferreira está no 5º período do curso de Direito da Unifasam, em Goiânia. Ela integra um universo de brasileiros com mais de 50 anos que estão voltando a estudar.

De acordo com dados do Censo da Educação Superior, em 2017, foram 73 mil alunos com 50 anos ou mais que ingressaram no curso superior no Brasil. Entre 2009 e 2016, o total de formandos nessa faixa de idade cresceu 81%.

Elieth tem 55 anos de idade e começou o curso em 2021, ainda durante a pandemia a Covid-19. Ela terminou o Ensino Médio, em 1986. Depois casou-se, teve duas filhas, e ao longo dos anos a prioridade havia sido outros projetos de vida.

“Por vários motivos por priorizar famílias, filhos, deixá-los crescer, cuidar dos negócios e fui retardando (os estudos) na minha vida e fui protelando. Os anos foram se passando, não me arrependo, mas faria diferente, por não priorizar certas coisas”, relatou Elieth.

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Superação

Voltar a estudar pode trazer muitos benefícios e conquistas, tanto no campo pessoal como no profissional. A tarefa não é tão simples. A adaptação pode ser um desafio para aqueles que estão longe das salas de aula há muito tempo.

Estudar seja no Fundamental, Médio, graduação ou pós-graduação exige tempo e dedicação. Será preciso fazer muitas leituras, entrar em contato com assuntos e tópicos novos. E claro, conviver com alunos e professores de diversas faixas etárias.

Rodrigo Melo e Cunha atua na área de apoio técnico na área de Educação de Jovens e Adultos, na Secretaria Municipal de Educação de Goiânia. Ele atua neste campo há 31 anos e disse que há barreiras de estudo, mas que o estudante precisa enfrentar o medo, pois na escola encontrará apoio.

“A dificuldade é o movimento de ir para a escola, ter a coragem inicial de ir para escola. As dificuldades em relação a conhecimento, a aprendizagem, a escola vai te ajudar, é preciso perder o medo, e lá a escola acontece a ajuda para desenvolver seu potencial. Não tenham medo, não tenham vergonha, é um direito. É romper as barreiras”, declarou.

Vencer

Elieth Ferreira relata que já pensou em desistir. No entanto, destaca que a vontade de vencer é maior do que as barreiras.

“Já pensei em desistir. Na verdade, eu desisti uma vez. Concluí o 2º grau em 1986, me casei em 1988 e sempre que tentava retomar os estudos, vinha a preocupação com filhos, casamento, família, projetos e isso ficava para esperar. As dificuldades vêm. Mas a vontade de superar é maior, a perseverança naquilo que você pretende, precisa agarrar com forças”, concluiu.

No chat ao vivo, jovens aprendizes participaram e comentaram diversas experiências. Entre elas, Yasmim Rabelo faz curso técnico na área de recursos humanos e conto que na turma dela háá turma existe uma estudante de 61 anos, muito estudiosa e sedenta por conhecimento, “isso é inspirador”, disse.

Benefícios

Entre as vantagens de buscar conhecimento nessa fase da vida é que a maturidade ajuda a deixar mais claras nossas preferências. É diferente de quando se escolhe um curso ou uma faculdade na juventude.

Elieth relatou sobre o ambiente na sala de aula. Ela destacou que a receptividade dos colegas foi muito boa, e que há um respeito e carinho dos mais jovens. A estudante conta que é chamada carinhosamente de “tia”. Ela ressaltou que não há receios em relação à sua idade.

Atitudes dos colegas de Elieth combatem o chamado etarismo, também conhecido como ageísmo ou idadismo. A prática envolve estereótipos e uma visão preconceituosa em relação as pessoas. Ele se refere a discriminação e preconceito às pessoas com base em sua idade.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 04 – Educação de Qualidade