A pandemia de Covid-19 pode deixar cerca de 117 milhões de crianças sem imunização contra o sarampo em 37 países. Este é o cenário esperado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que vislumbra um profundo retrocesso nos índices de cobertura vacinal em todo o planeta em função da crise sanitária. Em médio prazo, as consequências podem superar inclusive aquelas provocadas pela própria pandemia.
Para impedir esse impacto no Brasil, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lança, na semana em que é celebrado o Dia do Pediatra (27 de julho), uma campanha alertando as famílias brasileiras sobre a relevância de uma dupla estratégia para a manutenção da imunidade infantil: a vacinação e o aleitamento materno.
“Nós sabemos que o leite materno é o alimento próprio da espécie, natural. Amamentar não é simples. Requer informação, uma rede de apoio importante. Essa rede de apoio começa em casa, passa pelos profissionais de saúde, pelos serviços de saúde; a mídia, que abre esse espaço para que possamos divulgar, informar essa importância; as leis, os órgãos governamentais dando o seu apoio, o seu reforço para a mãe com segurança poder também aproveitar esse período que ela tem de licença”, argumenta o médico do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) Moises Chencinski, em entrevista à Sagres TV.
Com o slogan “Informar, amamentar e imunizar”, a iniciativa foi oficialmente divulgada em evento online na quarta-feira (29), transmitido por meio do Instagram, com a participação da atriz Giselle Itié (assista a seguir). A campanha conta com o apoio institucional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
De acordo com Checinski, a falta de informação é um dos motivos que faz com que muitas mães ainda deixem de amamentar seus filhos. “Na prática, as informações de aleitamento materno deveriam começar há muito mais tempo, desde a escola já poderia ter informações, porque somos mamíferos; mas chegando até a vida adulta, o pré-natal, a maternidade, as consultas, enfim, a rede de apoio, como nós comentamos, acaba sendo bastante importante”, ressalta.
Moises Checinski acredita que, com maios volume de informações, o país deva evoluir nos próximos anos em relação ao aleitamento materno. “Nós estamos estabilizados em uma taxa de 39% de aleitamento materno até o sexto mês, e 54 dias de aleitamento materno exclusivo, já há mais de dez anos. Estamos aguardando o resultado de uma pesquisa feita ano passado, temos esperança de sempre melhorar essas possibilidades”, argumenta.
A campanha
Além do evento online, a iniciativa da SBP conta com um site oficial, no qual as famílias podem encontrar uma série de informações, baseadas em evidências científicas, sobre os benefícios da prática do aleitamento materno associada às imunizações.
Conforme adianta a presidente da SBP, diferentes pesquisas demonstram que crianças amamentadas respondem, por meio da produção de anticorpos, mais rapidamente ao efeito das vacinas. Ao mesmo tempo, os bebês que permanecem em aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade, e de forma complementa até os dois anos, ficam mais protegidos contra diversas doenças infecciosas e alérgicas.
Segundo a OMS, 820 mil mortes de crianças menores de cinco anos poderão ser evitadas neste ano com a implementação do aleitamento materno. Além disso, anualmente, de dois a três milhões de mortes são evitadas com a vacinação em todo o mundo. Por isso, especialmente nesse momento de pandemia, toda a sociedade deve estar atenta a essas duas importantes e simples práticas de proteção da saúde.
No site da campanha, podem ser encontrados ainda subsídios sobre o calendário de vacinação recomendado durante a pandemia; proteção do bebê a partir da imunização da gestante; amamentação e Covid-19; segurança e eficácia das vacinas; entre outros temas. A campanha “Informar, amamentar e imunizar” conta com o patrocínio das empresas GSK, Sanofi, Pfizer e Johnson&Johnson.
Confira a live da última quarta-feira (29) a seguir
