Há exatamente um mês a bola não rola mais pelo Campeonato Goiano. Paralisado por tempo indeterminado pela Federação Goiana de Futebol (FGF) após recomendação da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o decreto do Governo de Goiás, o torneio que abre o futebol em Goiás não tem previsão de retorno, assim como as competições nacionais, o que levou a muitos clubes dispensarem jogadores e demais funcionários.

Antes da crise da pandemia do novo coronavírus se expandir no Brasil, contudo, o goleiro Tadeu, do Goiás, viveu um drama familiar no início de março. Sua filha, de apenas nove meses, foi acometida por uma meningoencefalite e teve que ser hospitalizada. Depois de quase um mês internada, a pequena Isabela enfim deixou o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, no final de março.

Em entrevista ao repórter André Rodrigues, da Sagres 730, o goleiro destacou que “foi uma luta muito difícil que ela passou. Tão pequena e enfrentou essa batalha, mas com a graça de Deus ela saiu vitoriosa, e assim nós também”. Tadeu revelou ainda que sua filha “está muito bem e saudável, crescendo e se desenvolvendo muito bem. Claro que segue o tratamento, continua o acompanhamento médico, mas tantos os médicos quanto nós estamos vendo a evolução dela e o quanto está bem”.

Tadeu, goleiro do Goiás e a família (Foto: Arquivo Pessoal)


Em meio ao drama da internação da pequena Isabela, o goleiro se manteve focado em partidas importantes do Goiás pela Copa do Brasil, contra Santo André e Vasco da Gama. Questionado sobre a decisão de participar dos jogos, Tadeu explicou que “era um momento difícil e delicado, mas sabia que estar em campo traria forças não só a mim, mas como toda à minha família. A energia que recebi dos meus companheiros e da torcida comprovou que foi muito boa para termos mais forças para continuarmos enfrentando”.

“O Goiás sempre esteve ao meu lado, tanto diretores, como jogadores e comissão técnica, principalmente durante os treinos e nos jogos. Me deixaram bem à vontade para que pudesse ficar de fora se achasse necessário. Mas estar ali traria força para mim, para a minha esposa e meus familiares, pois eram dias de sofrimento e angústia, e estar em campo representando o Goiás foi onde nos trouxe momentos de alegria e força”, completou.

Tadeu, de férias no interior do Paraná, onde moram seus pais, agora vive a angústia de não poder trabalhar. Sobre um eventual retorno das atividades, afirmou que “confiança não sei dizer se tenho, mas a vontade está demais. Todo mundo está doido para voltar a treinar, a jogar e as rotinas, assim como todas as pessoas que nesse momento estão fora dos seus trabalhos. Temos muito esse desejo de poder voltar, mas atrelado a isso temos que respeitar as autoridades de saúde e as normas”.

A respeito da discussão dos cortes de salários, que trouxe muita polêmica em Goiás com o posicionamento do Sindicato dos Atletas Profissionais goiano, o goleiro ressaltou que “essa é uma questão muito delicada, porque ninguém se prepara para isso. Nós, que jogamos no Goiás, somos privilegiados por estar em um clube organizado, que sempre cumpriu com as suas obrigações e tem uma estrutura fantástica. Mas entendemos que quanto mais demora essa crise, os clubes mais organizados também vão sofrer e ter prejuízos enormes”.

Segundo Tadeu, “os jogadores entenderam muito bem o lado do clube, tanto que todas as conversas sempre foram muito amistosas, em que todos estavam remando para o mesmo lado. A parte que cada um pode fazer foi feita e tenho certeza que para o benefício do clube, até porque todos perdem. Mas quanto menos se perder, melhor, por isso que é importante o bom senso de todas as partes, e foi o que aconteceu”.

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Tadeu, goleiro do Goiás (Foto: Rosiron Rodrigues/GEC)


Nesta semana, o goleiro se dispôs a doar as luvas que utilizou na partida contra o Santo André, pela segunda fase da Copa do Brasil, para uma ação social promovida pelo Goiás e duas torcidas organizadas. A iniciativa busca arrecadar alimentos para famílias da região metropolitana de Goiânia sem condições financeiras neste momento. O equipamento de Tadeu será sorteado entre os torcedores que doarem alimentos para a campanha.

Para muitos dirigentes, o Campeonato Goiano de 2020 não terá um retorno. O camisa 1 esmeraldino lembrou que “nosso time estava em uma crescente boa. Claro que queremos continuar jogando e buscar esse título estadual, mas não basta o nosso querer, e sim o que vai acontecer. Por isso que torço e estou confiante que as coisas vão voltar o quanto antes, e que, se voltando no menor tempo possível, possamos ter a retomada do campeonato”.

“Que seja com portões fechados, se isso tiver que acontecer, mas que possamos voltar com o trabalho o quanto antes e ter essa finalização, porque muitos jogadores perderam o emprego e os clubes menores também se prejudicaram. Então nosso futebol, voltando o mais rápido possível, que possa terminar os estaduais para que o prejuízo para todos seja ainda menor”, acrescentou o goleiro, otimista com o retorno do futebol.

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