Um dos quatro participantes do Campeonato Goiano de futebol feminino, o Morrinhos disputa a competição pela primeira vez. O jogo de estreia acontece no próximo dia 25 contra o Aliança/Goiás, fora de casa, e o “convite” para jogar o Estadual partiu de um dirigente adversário.

“Apareceu uma oportunidade da gente jogar campo lá em Piracanjuba. Era uma festividade, nos convidaram, montamos um time pra poder jogar e o Luiz César, do Aliança, estava lá, nos viu jogar e fez o convite pra que jogássemos o Campeonato Goiano. Isso aconteceu em março desse ano, então foi crescendo a vontade de jogar o “campão”, explicou Keylayne Patrício, uma das responsáveis pelo time feminino do Morrinhos.

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Instrutora de trânsito na cidade de Morrinhos, Keylayne, que também joga como zagueira, fomenta o futebol feminino em Morrinhos há sete anos. Embora seja a primeira experiência com o futebol de campo, mantém um time de futsal e futebol society para jogos na região. “Nós temos um time aqui chamado “Donas da Bola”. Já estamos batalhando já tem um tempo, por isso temos um base com algumas meninas”, disse Keylayne, que conta com 18 jogadoras inscritas até agora para o Campeonato Goiano, vindas de várias cidades próximas a Morrinhos.

“Também temos meninas de Catalão, Goiatuba, Pontalina, Caldas Novas e Piracanjuba. Elas treinam lá na sua cidade e, as vezes, quando dá certo, a gente faz um treino coletivo, mas ainda não coincidiu de treinar com todas juntas”, completou a dirigente/jogadora, que tem apoio do esposo, Cleomar Patrício, que também trabalha na área da saúde.

“Ele sempre me acompanha, já conhece as jogadoras, já sabe tudo o que deve ser organizado, além de ter jogado, mesmo que no futebol amador, mas isso ajuda”.

E na base da superação, ou como definiu Keylayne: “na base do amor, mesmo”, a parceria com o Morrinhos e a participação em um campeonato oficial pode ser o primeiro passo para que novas jogadoras superem o medo e busquem seus sonhos.  “Parte da sociedade ainda é muito machista. E não falo só dos homens, não. As mulheres também são. E, as vezes, na formação da atleta, não é dada a oportunidade de poder jogar e buscar os seus sonhos. Dentro de casa, os próprios pais nem sempre aceitam que as meninas joguem bola. Ainda sofremos muito com isso ainda”.

Salários

No bate – papo, Keylayne revelou que nenhuma jogadora do Morrinhos vai ganhar salário para atuar no Campeonato Goiano. A dirigente lamentou, afinal as meninas possuem outras atividades, que ficam prejudicadas pela paixão e vontade de jogar futebol.

“Infelizmente não. Gostaria de contribuir de alguma forma, porque várias vezes são pessoas que saem das suas casas, pedem folga nos seus trabalhos, e a gente sabe, que as vezes elas se esforçam tanto no campo, aí acontece de se machucar, e elas têm uma vida depois, né? Então não temos esses recursos ainda, mas estamos dando o primeiro passo e quem sabe futuramente a gente consiga viabilizar os salários também”, destacou Keylayne, que também agradeceu quem apoia o futebol feminino em Morrinhos.

“Aqui é uma cidade cheia de campos de futebol e o secretário de esportes, sempre que possível, nos disponibiliza para os treinamentos. Sobre os patrocinadores, quem nos ajuda é o Laboratório Alto Padrão, o Evandro Marques, do Cantinho da Sorte, e dois vereadores que sempre nos apoiam, o Antônio Ávila e o Sargento Romero, que sempre que preciso, estão conosco”.

Mesmo com tantos desafios e dificuldades, Keylayne mostra animação com a oportunidade de jogar uma competição oficial pela primeira vez. Sem medo de goleadas e das adversárias, vê o lado positivo de entrar em campo contra equipes com mais experiência. “A minha maneira de incentivar é a seguinte: é o primeiro passo. Muitas não acreditam porque não foi feito ainda. Aqui na região não existe time de campo, então se a gente iniciar, vamos incentivar outras pessoas investirem, embora seja caro pra competir. Claro que estamos entrando, primeiro, pra pegar experiência e ver o que precisa ser melhorado para o próximo ano”, finalizou.