Foto: Vitor Monteiro/Sagres On

Na noite de terça-feira, 6, o Vila Nova sofreu a maior goleada da Série B 2018. No estádio Bento Freitas, em Pelotas, o time colorado levou 5 x 0 do Brasil, em confronto da 34ª rodada do nacional. Após a partida, o presidente Ecival Martins concedeu entrevista exclusiva à Rádio Sagres 730 e falou sobre diversos assuntos. Além do revés, o mandatário do Tigrão esclareceu boatos sobre salários e premiações, avaliou a luta pelo acesso à elite, comentou as possíveis permanências do treinador Hemerson Maria e do diretor Felipe Albuquerque para 2019 e, por fim, deixou um recado aos torcedores.

Ouça a entrevista completa de Ecival Martins à Rádio Sagres 730:

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Acompanhe os temas abordados na entrevista:

A goleada

“Não tem como explicar, nem sob ponto de vista esportivo, de relacionamento, de forma nenhuma. Se eu falar qualquer coisa agora, estaria inventando. É um dia para ser esquecido. A realidade é que o Brasil fez tudo certo e nós fizemos tudo errado. Precisamos ter muita calma para não jogar no lixo tudo aquilo que foi construído até agora”.

Premiação e salários em dia

“Fico absolutamente tranquilo quanto a isso. Tanto na vitória, quanto na derrota, entro no vestiário de cabeça erguida, olhando no olho de cada jogador, sem nenhum tipo de se não, pois tudo que foi combinado está sendo cumprido. Claro que, depois de uma derrota como essa, se suscitam várias possibilidades, mas tenho a hombridade de falar para o torcedor do Vila que, da parte nossa, da direção, não tem nada em desacordo. É um dia ruim que acontece no futebol, infelizmente. Viemos para ganhar o jogo e estávamos com a expectativa de fazer uma grande atuação. Foi um desastre, são situações que não tem explicação”.

Conversa com elenco após a partida

“Para ser sincero, a reação é de total paralisia. Não tem o que se falar em um momento como esse, até porque já temos outro jogo na sexta-feira. Precisamos entrar para resgatar a nossa dignidade. Por mais que a derrota seja terrível, preciso enaltecer esse grupo, que foi quem nos trouxe até aqui e nos deu essa esperança de buscar o acesso. Não posso pegar todo mundo e jogar no lixo e não farei isso. Tenho certeza que esses jogadores vão dar uma resposta e deixar claro que, hoje, não passou de um dia que nada deu certo”.

Esperança no acesso

“Sou movido pela fé, então acredito que tudo pode acontecer. Nunca fiz promessa ao torcedor em relação a isso, mas, intimamente, tenho esperança. Em 2015, o Avaí perdeu em casa para o Santa Cruz e, ainda assim, conseguiu o acesso. Não quero falar para o torcedor acreditar, pois eles têm o direito de se comportar da maneira que entenderem. Agora é uma obrigação minha, dos jogadores, da comissão técnica, dar uma resposta e terminar o campeonato com dignidade”.

Erros e dificuldades

“Temos de deixar claro que futebol é negócio. Quem tem maior poder de investimento, tem maior capacidade de obter resultado. O Vila é a 15ª folha (do campeonato). O resultado (goleada para o Brasil) poderia ser descartado se tivéssemos vencido o Paysandu e empatado com o Londrina. Falta, às vezes, a questão da experiência, a facilidade para fazer gols. O Fortaleza, por exemplo, tem três atacantes que fizeram a diferença (Gustavo, Ederson e Marcinho), cada um ganhando acima de 100 mil reais. Para ser sincero, o orçamento que o Vila tem, é para disputar meio da tabela, até permanência. A questão é ser realista, não pensar pequeno”.

Receita e torcida

“Fiquei surpreso de saber que o Brasil, que é de uma da cidade do interior, que está lutando contra rebaixamento, tem 5 mil sócios ativos, o que dá uma receite de 300 mil reais pro clube. Nós temos uma receita vinda de torcedor que não passa de 120 mil reais, o que nos impede de fazer grandes contratações, principalmente da frente (setor de ataque). Ninguém pode deixar de admitir que o Vila vem crescendo, com todas dificuldades, tentando melhorar, mas, infelizmente, quando chega na hora de decidir, falta experiência. O cara que ganha 120, 150 mil, não perde na hora de fazer o gol”.

“Fortaleza subiu porque tem 2 milhões e 500 mil reais da torcida. O Vila conta com receita de televisão, patrocínio, mas tudo tem um limite. Não tem como aumentar cota de televisão, nem espaço para vender mais patrocínio na camisa. No futebol não tem mais patrono, que vai chegar e colocar 500 mil mensais. Seria mais fácil se a torcida, no início da temporada, fizesse um esforço e desse esse feedback pro clube para que a gente tivesse a competência de ir lá e trazer os jogadores para vir  resolver a situação”.

Declarações sobre limitações do elenco e “Hemerson Maria estar tirando leite de pedra”

“Nesse momento, as pessoas querem achar um culpado e polemizar as coisas. O culpado é o Ecival Martins. Sou o presidente do time e assumo a responsabilidade. O Vila tem limitações, o próprio elenco sabe disso, mas chegamos até aqui muito em função do trabalho de todos e também da competência do Hemerson. Não adianta ficar polemizando”.

Felipe Albuquerque

“É um profissional que, não só o Coritiba, mas vários outros clubes têm interesse nele. Ainda assim, vamos conversar e eu acredito na permanência dele. Apesar de jovem, Felipe é uma pessoa experimentada no futebol, tem maturidade e eu tenho muito responsabilidade e compromisso com o Vila Nova, então vamos trabalhar muito para montar uma grande equipe. Quero deixar bem claro, ainda não estamos jogando a toalha, ainda há esperança e, no mínimo, vamos dar a vida para terminar o campeonato com dignidade, respeitando a camisa do Vila e o torcedor”.

Hemerson Maria

“Preciso conversar com ele, pois acredito que tem muitas propostas. Claro que o torcedor está chateado, nervoso, mas é um grande treinador e, pra mim, é um dos melhores da Série B. Não é por conta do resultado que mudo meu pensamento. Vai depender muito de como ele pensa, de uma série de situações e, no momento, é inoportuno discutir isso. Temos de focar em trabalhar e terminar com dignidade nos três últimos jogos para, depois, começar o planejamento para 2019”.

Recado ao torcedor

“Posso falar para o torcedor seguir acreditando no trabalho, na seriedade das pessoas que estão à frente, no comprometimento. As conquistas vão acontecer muito em função do trabalho que está sendo implementado. Mesmo com estrutura gigantesca, com uma torcida apaixonada, que financia o time, o Fortaleza passou 8 anos na Série C até conseguir o acesso. Nós não podemos desistir. A continuar na forma como está sendo, com equilíbrio e seriedade nas decisões, o Vila vai chegar sim. Se as pessoas tiverem juízo e não deixarem a vaidade prevalecer, o caminho é de crescimento sem volta, alcançando os objetivos. O grande problema, desde quando cheguei, foi consertar muitas situações para que possamos buscar as grandes coisas. No final do campeonato, vou deixar bem claro e passar um relatório para o torcedor, para ele saber o que pensar sobre o futuro”.