Arena Repense, na edição do mês de julho, aproveitando as Olimpíadas de Paris, teve foco no Olympism 365 e o esporte. Atletas compartilharam com o público seus momentos de conquistas e perdas, além de explicarem os valores olímpicos e como o esporte tem o poder de transformar positivamente a vida de cada indivíduo.
O que é Fair Play? Onde começa a trajetória da chama olímpica? Como foram as semanas olímpicas em Goiânia e Palmas? E, aliás, o que é o Olympism 365? Esses são só alguns dos questionamentos levantados durante a conversa.
A conversa contou com Charlie Pereira, Coordenador de práticas esportivas Demà — Renapsi; Janildes Fernandes, ciclista olímpica; Raysson Ferreira, líbero da Seleção Brasileira de Vôlei Sentado; Cleberson Eduardo, jovem aprendiz e atleta do lançamento de disco e outros jovens no estúdio.
Vivências esportivas
Começamos com as histórias de Janildes e Raysson. Ela atleta olímpica, ele atleta paralímpico. A possibilidade de união de suas histórias vem da força que o esporte tem de mudar vidas. Janildes falou sobre como sua família sempre esteve envolvida com o esporte, e, mesmo com origem humilde, as medalhas chegaram. “Fomos escalando os degraus da escada até chegar no topo da modalidade, os jogos olímpicos, sonho de qualquer atleta” disse a ciclista.
O líbero do vôlei sentado, de forma semelhante, explicou que a sua atuação nos esportes vem desde antes de sua amputação. Esta veio após descobrir um tumor osteosarcoma na perna esquerda. Mas foi somente através de uma professora que ele conheceu o paradesporto.
Outra experiência pessoal de mudança de vida com o esporte foi destacada por Janildes, que falou sobre um jovem atleta de seu instituto o qual havia sido diagnosticado com um tumor na coluna que ocasionou um certo nível de paralisia, o suficiente para deixá-lo de cadeira de rodas. A virada de chave veio quando a ciclista o instigou a continuar a prática esportiva do ciclismo.
Ela explicou que “ele saiu da cadeira de rodas e voltou a andar. Coisa assim que os médicos já tinham dado o laudo para ele ‘cadeirante’ (…) quando eu vi que as pernas dele (…) uma delas ele tinha o contato, ele sentia os movimentos, eu falei ‘você consegue andar’ e ele já havia se entregado.”
Charlie Pereira pontuou justamente o cenário de desesperança, de desistência, que pode acontecer com alguns paratletas antes de se descobrirem no paradesporto: “Às vezes muito é isso, vem a depressão, a entrega, a pessoa não quer sair de casa, não aceita nada. O esporte pode transformar.”
Ele também explicou o Olympism 365, projeto do Comitê Olímpico Internacional (COI) que estimula os valores olímpicos durante os 365 dias do ano. A iniciativa teve como ponto de partida a percepção da diminuição das práticas esportivas entre os jovens, por parte do COI que, para contornar isso, oferta gratuitamente, com o Olympism 365, o acesso ao esporte. No Brasil, a Renapsi é a instituição convidada para aplicar o a iniciativa com os jovens.
Origens e mais história
Já na metade do programa, os jovens do estúdio tiveram acesso a uma réplica da tocha olímpica dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Nessa ocasião, Charlie explicou que a origem é na Grécia, afinal, as Olimpíadas modernas, por mais que sejam um tanto diferente das antigas, tem origem grega.
Outra história veio de Cleberson Eduardo, jovem aprendiz da Renapsi que já ganhou medalhas de prata e ouro em competições de arremesso de disco. Ele contou que o esporte o ajudou a sair do sedentatismo, além de melhorar a sua performance nos estudos. A sua meta é chegar às Olimpíadas, enquanto não chega lá, ele mostrou os discos que usa: um de 1 quilo para treinos e outro de 1,75 kg. E a sua experiência com a semana Olímpica do Olympism 365 em Brasília foi com o pingue pongue e outros esportes envolvendo mais racicínio lógico.
O Fair Play, um dos valores olímpicos — que significa jogo justo ou espírito esportivo — foi abordado a partir de uma vivência de Janildes na qual uma adversária estava em desvantagem. “Eu já competi uma vez aqui no Brasil, e durante a prova, minha adversária, o freio dela estava pegando, a borrachinha de freio. Era só ela pegar e subir a alavanquinha do freio e resolvia o problema. Quando eu percebi eu fiquei 1 volta martelando. ‘Se eu não falar… a chance de eu ganhar dela era muito grande’, mas aí ela pegando o freio a chance aumentava mais ainda (…) peguei e falei ‘vou falar’.
Depois que ela contou, a adversária ganhou a corrida. Mesmo com a derrota ela assegurou: “Em momento algum eu me arrependi, faria tudo de novo.” A ciclista deixou claro que a nem sempre é sobre vencer, que são momentos como esse que se pode levar pra vida.
Desafios e vitórias
Raysson e Janildes contaram seus momentos mais difíceis e os mais alegres. A maior felicidade do líbero foi justamente com a classificação do Brasil para as Paralimpíadas do Brasil contra Canadá, já a maior infelicidade para ele foi ver o brasil perder para a Alemanha na Copa do Mundo.
E a maior felicidade para a ciclista não foi nem a primeira classificatória olímpica, mas sim a primeira medalha (bronze) panamericana em Winnipeg, Canadá, no ano de 1999. Segundo ela, a emoção toda se deu pelo fato de que era sua primeira corrida em nível internacional. Sua maior tristeza, por outro lado, veio quando retornou da competição e descobriu que seu irmão mais velho havia falecido. “A medalha acabou me ajudando a superar esse momento ruim, e eu sei que alí ele estava comigo no momento da prova e me deu força (…) e pra mim aquela medalha vale ouro, é um bronze com sabor de ouro.”
Assista à Arena Repense na íntegra no link acima.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).
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