No Brasil, mais da metade da população tem sobrepeso. A obesidade atinge um a cada cinco brasileiros, de acordo com os dados da pesquisa publicada em 2019 da Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico).

Em entrevista ao programa Tom Maior da SagresTV nesta quarta-feira (26), o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica – Seção Goiás, Leonardo Porto Sebba, alerta que o retardo no tratamento cirúrgico de pacientes com obesidade clinicamente severa, principalmente dos que possuem comorbidades como diabetes tipo 2, hipertensão e problemas respiratórios, pode resultar em aumento da morbi-mortalidade decorrente do novo coronavírus (Covid-19).

“A obesidade é uma doença que causa inflamações em todas as células do organismo. Então, isso abre as portas para outros problemas de saúde, como a diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, problemas pulmonares, essas doenças infecciosas, virais, infelizmente, atacam mais os obesos do que as pessoas que estão no peso ideal”, afirma.

Com a pandemia em todo o planeta, a cirurgia bariátrica e metabólica foi suspensa para deixar mais leitos disponíveis para os pacientes infectados pelo coronavírus. Entretanto, os especialistas dizem que, para muitos indivíduos com obesidade severa, aguardar tempo demais pela operação significaria uma grande ameaça.

Os autores lembram ainda que o confinamento não favorece intervenções no estilo de vida, como a prática de exercícios físicos. E, portanto, o estado de saúde desses pacientes pode ter se agravado. Para Leonardo Porto Sebba, isso é bastante preocupante, porque grande parte da população é obesa.

“Nós sabemos que na Inglaterra, mais de 70% das pessoas que precisaram de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), estavam acima do peso. Esse é um dado bastante alarmante que nós precisamos tomar muita atenção, porque essa pandemia vai durar por algum tempo ainda, e não sabemos se vai ter uma segunda onda”, alerta.

“Isso é um sinal de alerta para que as pessoas preocupem mais com alimentação, preocupem mais com a saúde, porque manter o peso é estar fazendo uma prevenção contra doenças que podem vir por aí. Além de andar de máscara, de passar o álcool em gel, de evitar aglomeração, manter um corpo saudável também é uma medida profilática”, conclui.

Assista à entrevista na íntegra no Tom Maior #84 a partir de 01:30:00