Foto: Rubens Salomão/Sagres On

{source}
<iframe width=”100%” height=”166″ scrolling=”no” frameborder=”no” allow=”autoplay” src=”https://w.soundcloud.com/player/?url=https%3A//api.soundcloud.com/tracks/519828075&color=%23ff5500&auto_play=false&hide_related=false&show_comments=true&show_user=true&show_reposts=false&show_teaser=true”></iframe>
{/source}

O professor e ex-secretário, Ricardo Balestreri, concedeu entrevista exclusiva à Sagres 730 no programa A Caminho do Voto desta quinta-feira (25). Ele analisou as propostas dos dois candidatos à Presidência da República, Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL), para a área da Segurança Pública no país. 

“Tenho uma análise pessoal dos dois programas. Eu diria que o Haddad intensifica mais do mesmo e coloca alguns elementos novos. A do Haddad é uma proposta frágil, não aprofundou as questões; e eu diria que o Bolsonaro intensifica mais do mesmo de 30 ou 40 anos atrás. É uma proposta retrógrada do Bolsonaro”, critica. 

Em tempos de discussões por meio de redes sociais e divulgação em massa de fake news, Ricardo Balestreri afirma que o debate técnico no Brasil está cada vez mais inviabilizado. 

“Como é difícil hoje fazer um debate técnico no Brasil. Quando se começa a debater tecnicamente uma questão, uma parte das pessoas diz ‘ah, você é bolsonariano’, outra parte diz ‘você é petista’. É um país muito polarizado, e isso, de alguma maneira, embruteceu intelectualmente o país. Não se consegue debater tecnicamente nada”, constata. 

De acordo o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen), atualmente, o Brasil possui cerca de 730 mil presos, configurando-se a terceira maior população carcerária do planeta, atrás apenas de Estados Unidos e China. Ricardo Balestreri critica o sistema prisional brasileiro e diz que as celas multiplicam a criminalidade, em vez de reduzir. 

“O maior grupo criminal no país tem um serviço de inteligência articulado no país inteiro. Então o bandido ‘pé-de-chinelo’ entra no presídio, é chamado no mesmo dia, com vida rastreada, e o bandidão diz para ele o seguinte: ‘cara, o nome da sua esposa é tal, você tem três filhos e que moram em tal lugar’, e faz a pergunta ‘preciso dizer alguma coisa a mais ou você já entendeu?’. E aí ele diz ‘você é pé-de-chinelo, vai sair rápido daqui, eu te quero é lá fora, e eu vou te acompanhar lá fora depois de sair daqui’. Ao contrário do que o leigo pensa, o sistema prisional brasileiro está gerando cada vez mais crime”, argumenta. 

Ricardo Balestreri ficou à frente da Secretaria de Segurana Pública e Administração Penitenciária de Goiás (SSPAP-GO) durante o governo de Marconi Perillo, de fevereiro de 2017 a fevereiro de 2018. É professor, historiador, especialista na área de direitos humanos e crítico da política de encarceramento como única solução para deter o crescimento da criminalidade.

entrevista estudio ricardo balestreri

No ACDV, Balestreri conversou com os jornalistas da Sagres, Cléber Ferreira, Rubens Salomão e Petras de Souza (Foto: Sagres On)