Um estudo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) indica que é fundamental o setor agropecuário buscar meios para emitir menos metano para a atmosfera. Tecnologias de baixo custo e acessíveis como os biodigestores ajudam a diminuir a poluição e a conter o aumento global da temperatura. Assista à reportagem a seguir

Quando você vai a uma fazenda, a impressão inicial é que trata-se de um local em que há o verdadeiro ar puro, sem emissão de poluentes. Basta uma caminhada no curral e uma percepção mais apurada passa a mudar o entendimento. Sentimos o forte odor característico das fezes das vacas, e é daí que vem um forte indício de poluição e emissão de gases na atmosfera.

No Brasil, 71,85% das emissões de metano vêm da agropecuária, segundo dados do Sistema de Estimativa de Emissões de Remoções de Gases de Efeito Estufa. A presença do metano na atmosfera afeta muito o nosso dia a dia, pois ele provoca uma grande mudança no clima.

De acordo com um relatório da ONU, do ano passado, o gás metano foi responsável por até 50% do aumento da temperatura no mundo. As principais fontes de liberação de metano estão na agricultura, na produção e a distribuição de petróleo e gás e nos aterros sanitários das cidades. Os bovinos estão entre os animais que mais produzem metano. O gás é emitido a partir do esterco.

Pesquisa

Um grupo de pesquisadores do Câmpus Goiânia do Instituto Federal de Goiás (IFG) e do Instituto Federal Goiano (IF Goiano) desenvolveu o projeto Biodigestor. Ele é executado em duas propriedades, sendo uma em Rio Verde e outra em Bela Vista.

O professor do IFG, Joachim Zang explica que o projeto biodigestor tem o objetivo de beneficiar pequenos e médios produtores ao utilizar resíduos dos animais para a produção do biogás, sendo assim, reduzindo o metano.

“Você pode pegar esse estrume, colocar dentro do recipiente fechado, jogar lá dentro e o estrume vai sozinho produzir biogás. E tem um sistema que montamos no biogás, e esse digestor já está a três anos produzindo biogás só jogando o estrume lá dentro e vai sozinho produzir o biogás”, avaliou o pesquisador.

IFG desenvolveu tecnologia em fazendas goianas. Foto: IFG

O professor avalia que um dos benefícios para o meio ambiente com os biodigestores é a geração de energia fazendo uso de um recurso energético renovável e que poderia agredir a natureza.

“É um sistema que não é caro, o que diminui bastante a emissão de gás no efeito estufa, mas, ao mesmo tempo, melhora a vida da população rural, do pequeno produtor”, explica Joachim, e destaca que o biogás é um recurso energético renovável, que deriva da decomposição de matéria orgânica.

De acordo com Joachim, com um rebanho de 80 cabeças é possível recolher uma grande quantidade de dejetos animais que vai resultar em biogás; Em 4 horas de ordenha, capaz de abastecer um biodigestor de 20 m³ com esterco. A produção do biogás leva 50 dias e pode gerar 4 horas de energia elétrica limpa, sendo assim, pode reduzir até mesmo os custos da energia da fazenda.

Menos calor

A missão do gás metano foi um dos assuntos tratados na última conferência do clima. Durante a COP26 em Glasgow, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chegou a reforçar a importância de reduzir as emissões de metano.

O Brasil é o quinto país com maior em emissão de metano no mundo, assim como a China, Índia e Rússia também estão entre os países que mais emite o gás.

As emissões de metano causadas pelo homem se reduzidas em até 45% nesta década evitariam quase 0,3°C de aquecimento global até 2045, e seriam consistentes com a manutenção da meta do Acordo Climático de Paris de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C.

A avaliação integra os custos e benefícios da poluição do clima e do ar com a mitigação do metano. O metano é um ingrediente-chave na formação do ozónio atmosférico (smog), um poderoso agente climático e perigoso poluente do ar.

Gás Carbônico

Outro elemento que afeta o meio ambiente é o gás carbônico. O excesso de CO2 na atmosfera é o principal responsável pelo efeito estufa e pelas mudanças climáticas. Para a secretária de Estado do Meio Ambiente de Goiás, Andréa Vulcanis, o excesso de gás carbônico na atmosfera produz efeitos catastróficos na natureza.

“A emissão de gás carbônico e de todos e os gases de efeito estufa, eles implicam nas alterações e mudanças climáticas que vemos nas mudanças nos últimos anos. Nós vamos ver ai uma alteração climática bastante severa, redução dos volumes de água, das temperaturas que também mudam bastante em relação ao que existia antigamente”, disse.

A secretária ainda ressaltou que para ocorrer mudanças no planeta, é necessária atuação de todos aqueles que contribui com a emissão de gases.

“É uma contribuição mundial de todos os atores que usam no seu processo produtivo o consumo e matérias primas que possam consumir esses gases. No Brasil o que não é diferente em Goiás temos uma produção significativa em queimadas e estamos entrando em período de seca que precisa reduzir as queimadas” explica Andréa.

Repense

Esta reportagem integra a série Repense Clima desenvolvida pelo Sistema Sagres de Comunicação com o apoio da Fundação Pró Cerrado. Ao longo de 12 episódios vamos aprofundar sobre temas relativos à sustentabilidade, produção e consumo, que estão conectados ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 13 da Organização das Nações Unidas (ONU), que é “Ação Contra a Mudança Global do Clima”.

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