Uma das principais preocupações quando o assunto é desenvolvimento sustentável é a qualidade do ar. Quando pensamos em ar puro, limpo para se respirar, logo imaginamos uma casa de campo, em contato direto com a natureza e cada vez mais longe das grandes cidades.

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Mas a realidade dos centros urbanos em todo o mundo é muito diferente. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que nenhum país conseguiu alcançar o padrão de qualidade do ar estabelecido pela instituição em 2021. De acordo com o estudo, a poluição, em muitas regiões, voltou a subir após a queda relacionada à Covid-19 em 2020.

Para a realizar o monitoramento da qualidade do ar e apontar possíveis soluções, se torna cada vez mais indispensável o uso de tecnologias. Em Goiânia, a Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA) utiliza uma central móvel de monitoramento do ar. O geógrafo e técnico da AMMA, Raul Rodrigues, explica que a estação de monitoramento ajuda a avaliar se o ar que respiramos estão ou não dentro de índices considerados aceitáveis.

“Nós pegamos esses equipamentos e levamos para regiões que são potencialmente poluidoras. Esse equipamento fica ligado no local e automaticamente ele envia os dados do monitoramento da qualidade do ar para o computador, direto no site. A partir daí pegamos essas dados e analisamos se está acima do limite aceitável. Caso isso aconteça, nós acionamos a fiscalização ambiental para que possa ir ao local e identificar a fonte poluidora.”

Estação móvel de monitoramento do ar usada pela AMMA. Foto: Sistema Sagres.

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Respeito às leis

O técnico destaca que a partir dos dados levantados pela Central, os técnicos da agência conseguem identificar se na região monitorada as leis ambientais estão sendo respeitadas. O geógrafo espera que o uso de novas tecnologias esteja cada vez mais presente. Ele disse que esta realidade representa o futuro do monitoramento do ar.

“Esperamos que as prefeituras passem a trabalhar com as geotecnologias. Este é o futuro que leva a uma qualidade de trabalho, seja com imagens de satélites, com drones. Juntando todas essas tecnologias com a informática conseguimos fazer um trabalho muito bom com pouca gente”, garante o geógrafo.

E quando o assunto é qualidade do ar, se faz cada vez mais necessária a construção de parques e o plantio de novas árvores. Elas auxiliam no controle da temperatura e também deixam o ar mais puro. O médico Marcelo Daher explica como a poluição prejudica a nossa saúde.

“Se a gente coloca nesse meio, poluição do ar ou queimadas e fumaça, você tem uma agressão uma irritação muito maior no trato respiratório. Essa irritação facilita a entrada de vírus e bactérias em nosso organismo”, explica o médico.

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Previsibilidade

O gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo) André Amorim, é outro que defende o uso de tecnologias nos monitoramentos. Ele explica que com o avanço delas, já é possível fazer previsões com meses de antecedência.

“Nós temos o primeiro modelo de previsão numérica de Goiás, que nos permite fazer uma previsão para os próximos 15 dias e uma modelagem numérica mais voltada para o clima, onde conseguimos realizar uma projeção do tempo para os próximos seis meses. Com estes dados podemos identificar quais são as nuances, quais os fenômenos que podem nos atingir lá na frente”, afirma André Amorim.

Tecnologia permite prever o clima em seis meses. Foto: Sistema Sagres.

Um estudo elaborado pelo Instituto Federal de Goiás (IFG) mostra como é feito o monitoramento da qualidade do ar e como os dados levantados podem sem aplicados em ações. O professor do Instituto e doutor em Geociências Aplicadas, Thiago Godoi, explica como funciona o estudo.

“O AGV TPS, ou Amostrador de Grande Volume, é um equipamento simples que possui uma bomba que faz a sucção do ar. Esse ar passa por um filtro, que é preparado anteriormente no laboratório determinando volume e peso que esse filtro tem. Depois o equipamento é levado para a amostragem e fica ligado por um período de 24 horas. Ao final deste período fazemos a retirada do filtro, que é levado de volta ao laboratório. A partir daí conseguimos fazer a relação e determinar a quantidade de partículas presentes na atmosfera”, explica o professor.

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Consequências

Dentre os vários fatores que influenciam no clima, o estudo atribui às ações do homem na natureza como algumas das responsáveis pelas mudanças e alterações na qualidade do ar. A Organização Mundial da Saúde aponta que, anualmente, cerca de sete milhões de mortes acontecem por conta dos impactos gerados pela poluição do ar.

Ela causa danos ao clima, à produção de alimentos, à biodiversidade e aos ecossistemas, além de afetar aqueles que são mais vulneráveis. Só em 2021, 40 mil crianças menores de cinco anos morreram devido a causas relacionadas à poluição atmosférica.

Crianças são as mais afetadas pela poluição do ar. Foto: Sistemas Sagres.

Repense

Para obter medidas mais eficazes para melhorar a qualidade do ar é preciso, inicialmente, ir a campo, colher dados e fazer análises. No próximo episódio do Repense vamos conferir como o sistema de transporte precisa se repensar para contribuir com a redução da poluição urbana.

Esta reportagem integra a série Repense Consumo desenvolvida pelo Sistema Sagres de Comunicação com o apoio da Fundação Pró Cerrado. Ao longo de 12 episódios vamos aprofundar sobre temas relativos à sustentabilidade, produção e consumo, que estão conectados ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 13 da Organização das Nações Unidas (ONU), que é “Ação Contra a Mudança Global do Clima”.