As últimas 24 horas trouxeram elementos concretos sobre a crise envolvendo o meio-campista Jorginho e o Atlético. Algumas conversas do jogador nas redes sociais vieram a público e dentre estas, uma em que ele discute com uma torcedora, onde nenhuma das partes tem razão. O Jorginho porque não é papel de jogador algum discutir com torcedor, se tratando de um jogador com a idade em que está o Jorginho e com a experiência que ele tem, inclusive no futebol internacional, este papel fica ainda mais ridículo.

A torcedora porque lugar de torcedor é no estádio, motivando o time e não há justificativa para nenhum torcedor agredir atleta algum, pessoalmente ou em rede social. Se somarmos os adjetivos chulos que ela usou para definir o jogador, ela fica ainda mais sem razão.

Jorginho pede respeito aos mais de 300 jogos com a camisa do Atlético e a toda a sua história de conquistas no Clube e a história dele é mesmo respeitável, mas a torcedora contrapõe com o argumento de que ele não ganhou sozinho e que recebeu (bons salários por sinal) para jogar e não fez mais do que a sua obrigação, o que também é verdade absoluta.

A discussão foi real, mas no Atlético a justificativa do atleta para deixar o Clube por isto não colou. Há por parte da diretoria, sobretudo por parte do presidente Adson Batista a desconfiança de que o jogador recebeu alguma proposta de outra equipe e seria este o verdadeiro motivo para o desejo de sair. A discussão está apenas servindo de justificativa.

O regulamento do Campeonato Brasileiro admite a transferência do jogador para outra equipe que esteja disputando a mesma série, antes de ele completar sete jogos com a camisa da agremiação onde está, e Jorginho já atuou pelo Atlético em cinco jogos da Série A, de 2020. O contrato do Jorginho com o Atlético vence no final do ano que vem e ele recebe o maior salário entre os jogadores do elenco atleticano.

É natural que qualquer Clube que necessite de um camisa 10 tenha interesse num bom jogador e o Jorginho é bom jogador. O que não é natural é um atleta que recebeu do Clube a acolhida dada pelo Atlético ao Jorginho, quando ele deixou o Vila Nova, sendo apenas uma promessa e sem relevância alguma, tente sair pelas portas dos fundos.

Foi o Atlético que deu oportunidade para o Jorginho mostrar seu futebol e crescer tecnicamente. O Clube investiu na sua preparação, sempre lhe ofereceu bons salários e quando surgiram oportunidades para ele jogar em outras equipes, inclusive do exterior, com remuneração que valia a pena, o Atlético facilitou as idas e resgatou depois com a mesma acolhida. Virou ídolo da torcida e tem (ou tinha até o incidente) muito respeito da diretoria atleticana, sobretudo do presidente Adson Batista.

A legislação esportiva brasileira já estabelece na assinatura do contrato, regras fixas para uma possível saída do atleta, antes do final do vínculo assinado. O interessado na contratação paga a multa rescisória calculada pelo tempo que ainda resta de contrato, idade do jogador e valor do salário que recebe.

Basta o interessado acertar com o procurador do jogador as bases salariais, o tempo restante do contrato e depositar para o Clube onde o atleta está vinculado, o valor da multa rescisória.

A lei não dá a Clube algum o direito de impedir a transferência, deste que este protocolo seja cumprido. Mas normalmente quando um Clube quer um jogador, ele procura o próprio atleta ou o seu procurador e faz a proposta, e este tenta ludibriar o Clube onde está, forçando a barra para sair sem que o valor da multa rescisória seja depositado. Só que o presidente Adson Batista já disse que se for esta a intenção do Jorginho, ele vai se dar mal, pois o Atlético não vai ceder.

Adson informou que retornando a Goiânia, após o jogo contra o Fluminense, vai convocar o jogador para saber exatamente o que está acontecendo, mas discretamente o Atlético já vem trabalhando na investigação para saber onde a verdade está.

O melhor para o Atlético é manter o Jorginho no elenco, pois é o melhor jogador do elenco. O presidente atleticano disse que para ficar no Atlético, Jorginho terá de pedir desculpas publicamente pelo incidente, o que na minha opinião não é nenhum problema. Quem tem dignidade tem a grandiosidade de se desculpar por ofensas cometidas.

Mas mesmo compreendendo que o melhor para o Atlético seja manter o jogador, entendo duas coisas também: o Atlético não pode ficar refém do jogador e não pode também deixá-lo sair sem receber o valor da multa rescisória.