Já posicionei aqui que sem contratações o Goiás dificilmente foge do rebaixamento. O time tem problemas coletivos que só serão resolvidos com a qualificação individual do elenco. São contratações pontuais, sobretudo no meio-campo, uma vez que a chegada do Edílson deverá resolver o problema da lateral direita.

Há um fato concreto que está impedindo as contratações no Goiás: a situação financeira. A maquina de gestão do Clube é a mais cara do Centro-Oeste e a pandemia reduziu a receita, ou seja, o dinheiro está sendo suficiente para pagar o dia a dia.

Com tudo isto posto, se explica a campanha pífia do Goiás na Série A, mas não muda a situação, embora aponte onde está a falha.

Numa manifestação legítima, já que ordeira e pacífica, a torcida organizada entregou um documento pedindo a renúncia imediata do presidente, Marcelo Almeida e do vice-presidente Mauro Machado, além da demissão do técnico Thiago Larghi. Se defino como legítima a manifestação, também a defino como injusta e impensada.

O Goiás tem um conselho gestor, com participação de oito nomes que define os negócios no Clube: contratações, dispensas, vendas e decisões sobre ações a serem feitas são definidas por este conselho. O presidente e o vice apenas homologam, com as assinaturas, já que respondem pelos cargos, sem a liberdade para as decisões.

A dupla que dirige o Goiás no executivo faz um bom trabalho na administração do Clube. Mesmo com a crise financeira mundial, o Goiás não deve e tem recursos para as contas diárias, embora não tenha dinheiro para contratar e manter este equilíbrio financeiro já é uma grande virtude. Os dois cargos são ocupados de forma voluntária, ou seja, ambos trabalham de graça para o Goiás. Os dois foram médicos do Goiás e ambos já tem mais de 30 anos de serviços na agremiação.

Não é justo jogar nas costas desses dois homens, cujas condutas são ilibadas e honestas, a responsabilidade pela falta de resultado, numa gestão em que muitos opinam.

O pedido para a demissão do técnico Thiago Larghi também não vem na hora certa. Não deu tempo ainda dele mostrar se tem ou não capacidade. Dirigiu o time em três jogos e perdeu todos, mas com as peças que ele tem, não há técnico capaz de conseguir resultado melhor.

A torcida tem sua razão e a diretoria tem a justificativa, mas esta justificativa terá de ser substituída pela criatividade, ousadia, pois sem as contratações pontuais, com ou sem Thiago Larghi, o Goiás vai sofrer muito para permanecer na Série A, se é que vai dar conta.