O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, voltou a liderar o Índice de Popularidade Digital (IPD) neste mês de junho, após ser ultrapassado pelo ex-presidente Lula. Em entrevista à Sagres, o diretor do Quaest Consultoria & Pesquisa, responsável pela apuração do IPD, Felipe Nunes, explicou que Bolsonaro voltou a ganhar força com o retorno do auxílio emergencial e após adotar uma agenda de campanha.

“As motocicletas em Brasília, no Rio, todo esse movimento que é claramente de comunicação digital, surte efeito. Associado a ele, o auxílio emergencial volta e, também ajuda, na diminuição das críticas espontâneas em relação a Bolsonaro. Esse é o quadro que se desenha”, afirmou o cientista político.

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Na última terça-feira (8), o Bolsonaro registrou 73,17 pontos no IPD contra 46,92 de Lula. Os dois estiveram praticamente empatados uma semana antes, mas o ex-presidente teve uma queda acentuada desde então. Na sequência do IPD estão Luciano Huck (sem partido) com 33,44; Ciro Gomes (PDT) com 25,13; João Amoêdo (Novo) com 24,63; Luiz Henrique Mandetta (DEM) com 20,99; e João Doria (PSDB) com 18,53.

Felipe detalha que a queda de Bolsonaro ocorreu nos meses de fevereiro e março e coincidiu com uma subida de Lula, que se tornou novamente elegível. “O ex-presidente volta ao quadro político no começo desse ano porque as pessoas começam a buscar comparações entre o governo Lula e o governo Bolsonaro, na questão econômica, por exemplo, como que se vivia no governo Lula e como se vive no governo Bolsonaro, e essa pesquisa alavanca o Lula. Somado a isso, a volta da candidatura, então ele explode”.

Porém, o diretor da Quaest explicou que o ex-presidente oscila nesta popularidade, muito por ter uma estratégia política mais baseada na “construção de palanques” e não nas redes sociais. “É instável porque o Lula parece estar priorizando, no momento, uma agenda política, ou seja, não há uma agenda para se manter no alto patamar o tempo todo”.

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Em contrapartida, Bolsonaro não perde de vista a estratégia pautada para redes sociais. Felipe esclareceu que Bolsonaro, geralmente, não manda nota para a imprensa, na verdade, ele lança uma hashtag. “O Bolsonaro é o primeiro presidente digital da história do Brasil. Ele não dá entrevista coletiva, ele tenta fazer uma lacração. Ele já chegou a presidência com essa lógica construída, com um trabalho digital pensado. E as ações políticas que ele faz são combinadas com a estratégia de comunicação digital”.

Nunes avalia que todas as ações políticas de Bolsonaro são combinadas com sua estratégia digital, diferentemente de Lula. “As motocicletas em Brasília (passeio com apoiadores, em 9 de maio), as motocicletas no Rio (de Janeiro, em 23 de maio), que são movimentos de comunicação digital, surtem efeitos associados à (volta do pagamento da) ajuda emergencial”, disse.

Sobre o IPD
O IPD avalia o desempenho de personalidades da política nacional nas plataformas Facebook, Instagram, Twitter, YouTube, Wikipedia e Google, em uma escala de 0 a 100, em que o maior valor representa o máximo de popularidade. São monitoradas seis dimensões nas redes: fama (número de seguidores), engajamento (comentários e curtidas por postagem), mobilização (compartilhamento das postagens), valência (reações positivas e negativas às postagens), presença (número de redes sociais em que a pessoa está ativa) e interesse (volume de buscas no Google, YouTube e Wikipedia).

Eleições 2022

O diretor da Quaest contou que o presidente Jair Bolsonaro se apoia no mesmo discurso de sempre, de que “não se mistura com essa turma”, mas que a falta de entrega de projetos pode ser um problema. “Vamos pensar nas reformas, não foram feitas. A política econômica é difícil de avaliar porque não sabemos para que lado as coisas estão indo, mesma coisa na infraestrutura, na educação, e na saúde foi um desastre. Todas as pesquisas mostram um governo que patinou na condução da pandemia”.

Diante disso, Felipe avaliou que não é possível saber qual estratégia terá mais chances de vencer em 2022, a da política institucional, feita com acordos entre os agentes políticos, ou a as redes sociais, em que o candidato fala diretamente com seu público.